Especialista explica como deve ser o tratamento odontológico na UTI em pacientes com Covid-19

O objetivo é fazer com que microrganismos não ataquem os órgãos respiratórios, afirma Maria Carolina

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Maria Carolina Leiteiro Oliveira é responsável pelo tratamento dos pacientes em algumas redes de hospitais que atuam no tratamento odontológico à frente da COVID-19.

A cavidade oral é considerada, por especialistas, a abertura para a entrada de muitos microorganismos. Isso acontece por apresentar características bastante propícias para o desenvolvimento, como a temperatura e a umidade, que facilitam a permanência. Em vista disso, há uma enorme preocupação dos cirurgiões dentistas, médicos e enfermeiros em relação à saúde bucal dos pacientes, principalmente nas unidades de terapia intensiva (UTI's), onde os pacientes se encontram mais vulneráveis e, diante do cenário atual, infectados pelo coronavírus.

A dentista e especialista Maria Carolina Leiteiro Oliveira, profissional responsável pelo tratamento dos pacientes em algumas redes de hospitais que atuam no tratamento odontológico à frente da COVID-19, explica que os microrganismos provenientes da boca podem causar infecções generalizadas, como a pneumonia e a sepse, que são doenças complexas e que podem causar danos mais graves ao organismo.

"Pacientes acamados em UTI's devem receber cuidados com a saúde bucal visando limitar a disseminação desses microrganismos. Ou seja, o tratamento tem como objetivo impedir que os microorganismos se disseminem da cavidade oral para outras regiões, como o trato respiratório. Sabe-se que pneumonias associadas à ventilação mecânica podem retardar a recuperação do paciente.

Tratamento

odontológico na UTI

O tratamento envolve higiene bucal e intervenções como restaurações provisórias, biópsia de lesões bucais e prevenção de traumas", destaca. Entretanto, muitas destas complicações podem ser evitadas caso o tratamento na UTI esteja vinculado a um atendimento odontológico. "Esses atendimentos são feitos nas próprias unidades de terapia intensiva e realizados por cirurgiões dentistas. Eles trabalham sempre com equipes multidisciplinares, composta por médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, e enfermeiros para ajudar no acompanhamento do tratamento".

Dessa forma, a assistência prestada ao paciente não apenas previne as infecções bucais, mas também atua para limitar que as doenças dos pacientes acamados evoluam para quadros mais graves ou o óbito.

O novo tipo de coronavírus, identificado no fim do ano de 2019 na China, pertence a uma grande família viral que atinge o sistema respiratório. Portanto, vê-se assim a necessidade de cirurgiões dentistas não apenas para realizar os procedimentos odontológicos comuns nas UTI's, mas também para combaterem a disseminação desse vírus pelas vias aéreas. "Eu e minha equipe seguimos todos os protocolos de recomendação da ANVISA, para atuar na Higiene Bucal dos Pacientes internados na UTI frente ao coronavírus", ressalta.

Para o atendimento de pacientes críticos em UTI, além dos cuidados tradicionais, recomenda-se não usar alta ou baixa rotação e spray de água em procedimentos. Caso haja necessidade absoluta deste uso, deve ser feito em centro cirúrgicos, utilizando isolamento absoluto, protetores faciais e máscaras N95. "Utilizar, sempre que possível, instrumentos manuais para minimizar a geração de aerossóis, usar aspirador descartável durante todo o atendimento e suturas absorvíveis. Recomenda-se também evitar radiografias intra-orais", alerta Dra. Maria Carolina.

A especialista trabalha em conjunto com outros cirurgiões dentistas que atuam diretamente nas UTI's, assim como os outros profissionais da saúde que estão em contato com pacientes contaminados pelo coronavírus e se encontram bastante susceptíveis à contaminação pelos fluidos corporais, os principais transmissores da doença. "Todos tomam medidas preventivas preconizadas nas UTI's para diminuir o risco de contaminação e de transmissão. Dessa forma, haverá mais segurança para a equipe, o paciente e o próprio profissional", conclui.

*Maria Carolina L. B. de Oliveira é dentista e graduada pela Universidade São Paulo. Possui uma clínica odontológica chamada L.B Sorrisos Assistência odontológica há 11 anos, todos dedicados ao atendimento ao idoso e implantação de próteses aliado a tratamento estéticos. Devido ao seu atendimento diferenciado, se tornou referência no segmento em que atua. Para mais informações, acesse: https://www.facebook.com/LBSorrisos