Coluna - No futebol adaptado, Brasil também é potência entre amputados

Por Agência Brasil

Sendo o esporte mais popular do mundo, é natural que o futebol tenha recebido diferentes adaptações para ser jogado por pessoas com deficiência. As versões para cegos (antigo futebol de cinco) e paralisados cerebrais (antes conhecido como futebol de sete, que se despediu da Paralimpíada em 2016, no Rio de Janeiro) são as mais conhecidas do público brasileiro, devido à presença em Jogos Paralímpicos e Parapan-Americanos. Há, também, o power soccer, disputado em cadeiras de rodas e que é uma das modalidades candidatas a estrear no movimento paralímpico em Los Angeles (Estados Unidos), em 2028.

"Quando estou em campo, esqueço de todos os problemas. É a melhor hora. Estar jogando, fazendo o que amo, é muito gratificante. Tive oportunidade de ver algumas crianças chegarem ao projeto [de futebol para amputados, que conduz em Mogi das Cruzes] e hoje elas se espelharem em mim. Recebo mensagens delas me vendo como referência", acrescentou o jogador - que defenderá o Timão na final do Campeonato Paulista contra a equipe de Ourinhos (SP), neste sábado (6).

Por não integrar o programa da Paralimpíada, o futebol de amputados não tem acesso a recursos via Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), nem os atletas se enquadram no Bolsa Atleta federal. A visibilidade também acaba não sendo a mesma de outros esportes adaptados, o que dificulta a busca por patrocínio. A própria viabilização da participação brasileira na Copa do Mundo deste ano, entre 30 de setembro e 9 de outubro, em Istambul (Turquia), teve apoio (passagens e logística de material esportivo) do Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos (CBCP).

"Para realizar os campeonatos, fazemos parcerias com secretarias de Esportes, onde nos dão a estrutura para realizarmos os eventos. Hoje, [nós, jogadores] não vivemos do esporte. Eu tenho alguns patrocínios que me ajudam e trabalho em uma empresa privada há mais de 20 anos, onde tenho total apoio para praticar o esporte", descreveu Rogerinho.

A convocação foi feita no último dia 12 de julho. Dos 15 jogadores chamados pelo técnico Rodrigo Oliveira, nove estiveram na seleção campeã das eliminatórias sul-americanas, disputadas em Barranquilla (Colômbia), em março - Rogerinho foi um dos que ficaram fora da lista do Mundial. O grupo ficará concentrado no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, de 19 a 27 de setembro.

"Hoje, no Brasil, temos possibilidade de formar três ou mais seleções competitivas, devido à quantidade e qualidade dos atletas. Infelizmente, para o Mundial, somos limitados a 12 jogadores de linha e três goleiros. Temos que nos preocupar com todos [os rivais], devido à evolução da modalidade no mundo. Em nossa chave, penso que a Irlanda será o adversário direto. Nossa equipe é qualificada. Tecnicamente falando, todos são muito bons e acredito que o Brasil, se não for campeão, ficará entre os quatro primeiros", projetou Cruz.