Eleições 2020: disputa acirrada, recorde de votação e recontagem

A corrida entre Donald Trump e Joe Biden para ser o 46º presidente dos Estados Unidos é a mais polarizada da história recente

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Americanos vivem a expectativa pelo resultado da apuração diante da Casa Branca em Washington.

Com participação histórica, eleitorado polarizado e aumento na votação pelo correio, os Estados Unidos foram às urnas para definir o 46° presidente.

A eleição presidencial de 2020 bateu recorde histórico de participação, com mais de 150 milhões de votos, segundo dados do U.S. Elections Project, da Universidade da Flórida.

Em 2016, cerca de 60% dos 240 milhões dos cidadãos aptos votaram, mas este ano a porcentagem deve ficar acima dos 65%, segundo projeções.

Diferente da eleição de 2016, quando Trump foi confirmado vitorioso já na madrugada seguinte ao dia da votação, este ano a apuração dos votos está demorando mais. Por causa da pandemia, pelo menos 64 milhões de eleitores votaram pelos correios - um número recorde - e como é preciso validar a autenticidade da cédula, a demora é prevista pela maioria dos analistas eleitorais americanos. 63,9 milhões de eleitores usaram o correio para votar e 35,7 milhões votaram presencialmente.

Para se ter uma ideia, os quase 100 milhões de votos antecipados corresponderam a 72,7% de todos os votos (136,7 milhões) da última eleição presidencial entre Hillary Clinton e Donald Trump em 2016.

Trump x Biden

As vitórias de Trump na Flórida e no Texas eliminaram as chances de uma vitória direta para Biden. Até às 6pm de quarta-feira, Joe Biden liderava a disputa com 248 votos no Colégio Eleitoral, enquanto o republicano Donald Trump tinha 214, segundo projeções da agência de notícias Associated Press (AP).

Pensilvânia, Michigan e Geórgia são estados decisivos. Trump venceu nos três em 2016, está à frente em dois no momento (Pensilvânia e Geórgia) e lidera também na Carolina do Norte e no Alasca. Mas Biden está à frente no Michigan e em Nevada. Se vencer nesses dois estados, conquistará os 22 votos que precisa e será eleito o 46º presidente dos Estados Unidos.

No entanto, a previsão de contagem final nos estados de cédulas enviadas pelos correios é maior em alguns estados, como na Pensilvânia (20 votos): o estado aceitará votos que chegarem pelo correio até sexta-feira (6), e o prazo final para a contagem é 23 de novembro. A Carolina do Norte (15 delegados): o estado aceitará votos que chegarem pelo correio até o dia 12 (quinta-feira da próxima semana). Nevada (6 votos): o estado aceitará votos que chegarem pelo correio até o dia 10 (terça-feira da próxima semana).

Votos pelo Correio 

O Serviço Postal dos EUA (USPS, na sigla em inglês) disse ser impossível cumprir com uma ordem judicial emitida na terça-feira, 3, que exigia uma varredura nos centros de processamento em busca de 300 mil cédulas de votação que não foram rastreadas e encaminhadas para as sessões eleitorais.

O serviço postal alega "limitações físicas e operacionais" para não fazer as buscas em suas instalações. Segundo a empresa, esse tipo de esforço não planejado atrapalharia o andamento do dia da eleição.

Na terça, um juiz federal ordenou que as cédulas não rastreadas fossem encontradas e levadas aos centros de votação até o final da tarde. A determinação foi direcionada a 27 unidades dos correios nos estados da Pensilvânia, Colorado, Wyoming, Alabama e Arizona – decisivos para esta eleição.

Os correios afirmaram que pelo menos 220 instalações em todo o país foram vistoriadas durante o dia da eleição. Um porta-voz do serviço postal disse na quarta, 4, à agência de notícias Bloomberg que a empresa realizou diversas varreduras nos centros de distribuição na noite anterior.
Emmet Sullivan, juiz federal do Distrito de Columbia, convocou uma audiência para a quarta-feira para discutir o "aparente não cumprimento" da ordem judicial. Se as cédulas enviadas por correio não forem contadas, pode ser que haja questionamentos legais sobre o resultado do pleito.

Suspensão da contagem de votos

A campanha de Donald Trump disse na quarta-feira, 4, que irá à Justiça para suspender a contagem de votos na Pensilvânia, mesma estratégia que já usou em outros estados importantes, como Michigan e Wisconsin. A campanha de Trump acusou as autoridades eleitorais de proibirem os fiscais do partido – que acompanham a contagem – de se aproximarem a menos de 7,6 metros.
Atraso na contagem dos votos

As legislaturas controladas pelos republicanos em Michigan, Pensilvânia e Wisconsin se recusaram a permitir que os funcionários eleitorais processassem e contassem os votos de ausentes antes do dia da eleição. Isso difere de estados como Flórida e Ohio, que podiam contar seus votos com antecedência e relatá-los no início da noite da eleição. Agora, serão necessários dias após a eleição para a contagem dos votos nos três principais estados. E seus resultados provavelmente manterão o equilíbrio dos votos do Colégio Eleitoral que entregarão Trump ou Biden à Casa Branca.

Senado e Câmara

Os republicanos rapidamente triunfaram em dois estados que eram disputados pelos democratas na batalha pelo Senado: a senadora da Carolina do Sul Lindsey Graham derrotou o democrata Jaime Harrison e o deputado republicano Roger Marshall derrotou a senadora estadual Barbara Bollier no Kansas por uma vaga.
Mas os democratas derrubaram o senador do Colorado Cory Gardner, e o democrata Mark Kelly venceu a senadora Martha McSally no Arizona. Enquanto isso, o senador democrata Doug Jones perdeu facilmente para o republicano Tommy Tuberville no Alabama, como esperado.