Mais de 90 são presos por invasão ao Capitólio

Por Arlaine Castro

Invasores foram demitidos pelas empresas onde trabalhavam.

Mais de 90 pessoas foram presas pela invasão ao Capitólio na última quarta-feira, 6, durante a sessão que confirmava Joe Biden como presidente eleito, segundo contagem da agência Associated Press deste sábado, 9.

Essas prisões foram feitas desde que o FBI pediu publicamente ajuda sobre os extremistas fotografados dentro da sede do Congresso no ato violento cometido por apoiadores do presidente Donald Trump, que interrompeu por horas a sessão.

Segundo o jornal Miami Herald, foi preso na Flórida o homem fotografado carregando o púlpito de discursos da presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi. Ele foi identificado como Adam Christian Johnson, de 36 anos. Dias antes, ele teria publicado fotos em Washington com mensagens críticas ao movimento contra o racismo Black Lives Matter.

Outro detido é o invasor identificado como Richard Barnett, de 60 anos, visto na sala de Pelosi durante a invasão. Segundo a Associated Press, ele responderá por invadir e permanecer dentro de áreas restritas do Capitólio, e poderá também responder por apropriação indevida de propriedade pública — um computador da parlamentar foi furtado durante a invasão.

O invasor fotografado com uma vestimenta de pele de urso, rosto pintado e capacete com chifres também foi preso neste sábado, de acordo com as autoridades federais. O homem identificado como Jake Angeli é um ativista de extrema direita conhecido apoiador do movimento Qanon, uma teoria da conspiração completamente infundada.

Angeli se proclama um "xamã" do grupo QAnon, que espalha teorias da conspiração sem fundamento pelas redes americanas e que apoiou Trump durante a campanha de 2020. O presidente, inclusive, se negou a rejeitar o apoio dessas pessoas.

Segundo a 12 News, o invasor entrou com uma campanha de arrecadação virtual no ano passado para ajudá-lo a viajar a Washington em dezembro para uma das várias marchas de apoiadores de Trump que se recusam a admitir a derrota eleitoral. Ele só conseguiu US$ 10, e o site GoFundMe tirou a campanha do ar.

Demitidos

Um dos extremistas fotografados no Capitólio foi demitido pela empresa onde trabalhava após ser identificado pelo crachá que portava durante a invasão. Em nota, a companhia de marketing Navistar, de Maryland, afirmou que despediria outros funcionários que fossem flagrados na mesma situação. O nome do invasor não foi revelado.

Outro invasor, Bradley Rukstales, também foi demitido da empresa de análise de dados Cogensia— da qual ele era o diretor. Ele foi preso pela invasão ao Capitólio. Em nota, o novo gestor disse que a decisão foi tomada porque atitude de Rukstales "foi inconsistente com os valores centrais da Cogensia".

Cinco pessoas morreram na invasão: uma apoiadora de Trump baleada ao tentar escalar uma porta trancada pelos policiais, outros três ativistas que tiveram problemas de saúde durante o tumulto, e um policial. Além disso, houve ameaças de bomba nas sedes dos partidos. O FBI ainda busca quem plantou os explosivos. A recompensa a quem oferecer informações chega a US$ 50 mil.
Com a invasão, os congressistas tiveram de se esconder em outras áreas mais seguras do prédio ou mesmo deixaram o Capitólio, como o vice-presidente Mike Pence. Somente horas mais tardes, durante a madrugada, com a chegada da Guarda Nacional, a sessão foi retomada e Biden confirmado para tomar posse em 20 de janeiro como novo presidente.

Por causa das declarações de Trump que incitaram os apoiadores a invadirem o Capitólio, políticos dos dois maiores partidos americanos pediram a renúncia ou a destituição do presidente do cargo, a menos de duas semanas da posse de Biden. O Partido Democrata deve entrar com pedido de impeachment nesta segunda-feira.

 Com informações da AFP e Miami Herald.