Juro imobiliário em baixa e preços em alta obrigam governo a rever valores

Valendo 3.88% no fim do governo Obama, a taxa para contratos com quitação em 30 anos vale 2.71% neste fim de Trump

Por Joao Freitas

Com juros tão baixos e os preços dos imóveis aumentando, uma parte significativa tem sido para refinanciamento.

Pela 14ª vez seguida, a taxa de juros imobiliária abaixou. A nova taxa foi reajustada porque o governo considera ser muito seguro que os pagamentos das hipotecas ocorrerão de forma consistente no longo prazo. Quando Obama deixou a Casa Branca, a taxa para contratos com quitação em 30 anos era de 3.88%, hoje, no fim do mandato do presidente Trump, a taxa é de 2.71%.

Essa foi a redução mais recente. A taxa anterior, também anunciada pela principal financiadora dos bancos, Freddie Mac, era de 2.72%, que até então já era a menor da história. A diferença, portanto, foi de 0.01%. Em termos percentuais pode parecer pouco, mas, para uma família de classe média, isso significa mais dinheiro no bolso para o consumo e, no longo prazo, e uma diferença razoável. Especialmente porque os valores envolvidos em empréstimos imobiliários são, invariavelmente, na casa dos milhares de dólares.

Por outro lado, os juros para empréstimos com pagamento nos próximos 15 anos aumentou. A taxa média para esse tipo de produto pulou de 2.26% para 2.28%. Esse tipo de empréstimo é quitado na metade do tempo em relação aos financiamentos de 30 anos, então o risco é considerado significativamente menor e isso reflete em quase 0.5% a menos de juros na contratação do empréstimo.

O ponto negativo é que, com juros tão baixos e os preços dos imóveis aumentando, uma parte significativa da demanda tem sido para refinanciamento. E, justamente pela alta nos preços, o governo foi obrigado a rever valores dos financiamentos especialmente para os empréstimos de baixa renda.

Um dos principais financiadores de produtos para a baixa renda, o Federal Housing Administration (FHA), anunciou reajuste para tabela em 2021. O limite era de $765.600 e agora pode chegar a $822,375 para regioes de alto custo, como Miami, por exemplo.

No anúncio da novidade, o FHA explicou que "houve uma apreciação significativamente robusta nos preços dos imóveis". Na nota, o governo esclareceu que cumpriu seu dever legal de recalcular limites de acordo com preços vigentes no mercado.

Para o leitor do Gazeta News entender melhor o que isso representa, vou exemplificar. Para aproveitar esses juros e refinanciar um imóvel que hoje vale até $822,375, mas na época da compra custava até $765,600, o cliente pode conseguir pagar uma prestação mais barata ou quitar o atual imóvel mais rapidamente pagando o mesmo valor de prestação atual.

Essas são opções viáveis. Mas, nos Estados Unidos, normalmente os clientes preferem usar essa diferença para ir às compras e escolher um imóvel melhor sem mexer nos termos e condições do financiamento. Outra opção, mais comum no mercado, é usar essa diferença como entrada para um segundo imóvel e começar a investir no setor.