Hospitais jogam fora doses de vacina por falta de 'público-alvo'

Dos mais de 22 milhões de doses enviadas a hospitais, apenas cerca de 6,7 milhões de pessoas receberam sua primeira dose

Por Arlaine Castro

30/10/2020 REUTERS/Dado Ruvic/Foto ilustrativa

 

Em alguns hospitais, centros de saúde e farmácias nos Estados Unidos, existem frascos de vacinas para Covid-19 que não estão chegando aos braços dos cidadãos.

Dos mais de 22 milhões de doses da vacina que foram distribuídas a hospitais e farmácias nos Estados Unidos, apenas cerca de 6,7 milhões de pessoas receberam sua primeira dose, de acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

 

A Associação Médica Americana (AMA) disse na sexta-feira (8) que estava "preocupada" que alguns profissionais de saúde não empregados em hospitais ou sistemas de saúde enfrentem dificuldades para obter a vacina.

Isso porque, no início da semana passada, profissionais de enfermagem do Centro de Saúde da Família do Harlem, em Nova York, rodaram pelo bairro tentando encontrar pessoas que pudessem receber a vacina contra a Covid-19.

O centro de saúde tinha algumas doses extras da vacina da Moderna que haviam sido retiradas do armazenamento refrigerado. As doses deveriam ser aplicadas em profissionais de saúde, mas alguns não compareceram às consultas e o tempo estava correndo. A vacina expira seis horas depois de você tirar a primeira dose do frasco.

Os enfermeiros não podiam administrar a vacina a qualquer pessoa; no estado de Nova York, eles poderiam até enfrentar penalidades por isso. Sob o novo decreto estadual, os prestadores de serviços de saúde que administrarem conscientemente a vacina a pessoas fora dos grupos prioritários do estado podem enfrentar multas de até US$ 1 milhão, bem como ter suas licenças estaduais retiradas.

Para acelerar o processo, o governo federal está pedindo aos estados que ofereçam a vacina para pessoas mais velhas ou em grupos de alto risco, mas algumas áreas ainda estão se concentrando nos primeiros grupos prioritários – mesmo que isso signifique que doses retiradas do frio do armazenamento fiquem sem uso.

O governador Andrew Cuomo pressionou hospitais a se moverem mais rápido. Enquanto isso, o prefeito da cidade de Nova York, Bill de Blasio, pressionou para começar a vacinar mais grupos prioritários.Não há uma razão para o lançamento lento ou as doses que não estão sendo utilizadas. Especialistas dizem que nunca seria fácil começar uma campanha de vacinação em massa durante uma pandemia, pois leva tempo para vacinar e monitorar muitas pessoas, e algumas instalações estão escalonando as vacinações da equipe para evitar que muitos profissionais de saúde se juntem no mesmo local ao mesmo tempo.

A oferta e a demanda nem sempre se alinham. Alguns dos grupos de maior prioridade – profissionais de saúde e residentes de instituições de longa permanência – não querem a vacina, ou pelo menos ainda não. Com informações da ABC.