Biden aperta o cerco sobre armas: "É na verdade uma crise de saúde pública"

Por Arlaine Castro

O presidente Joe Biden anunciou algumas ações executivas nesta quinta-feira, 8, com o objetivo de diminuir a a violência armada em todo o país, que ele chamou de "epidemia e constrangimento internacional".

O presidente Joe Biden, em suas primeiras medidas de controle de armas desde que assumiu o cargo, anunciou algumas ações executivas nesta quinta-feira, 8, com o objetivo de diminuir a a violência armada em todo o país, que ele chamou de “epidemia e constrangimento internacional”.

“A ideia de que temos tantas pessoas morrendo todos os dias por causa da violência armada nos Estados Unidos é uma mancha em nosso caráter como nação”, disse Biden durante pronunciamento na Casa Branca.
Membros da família cujos filhos foram mortos no massacre escolar de Sandy Hook, Connecticut em 2012 e no tiroteio na escola Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, sul da Flórida, em 2018, compareceram à audiência e Biden agradeceu a participação, dizendo que entendia que isso lembraria dos dias terríveis em que recebiam ligações.

E garantiu às famílias que seu governo está absolutamente determinado a fazer a mudança.
O anúncio de Biden nesta quinta-feira cumpre uma promessa que o presidente fez no mês passado de tomar o que ele chamou de "medidas de bom senso" imediatas para lidar com a violência armada, depois que uma série de tiroteios em massa chamaram a atenção renovada para o assunto. Seu anúncio veio no mesmo dia de outro, este na Carolina do Sul, onde cinco pessoas foram mortas mês passado.

Biden enfatizou o escopo do problema: entre os assassinatos em massa nas empresas de massagem de Atlanta e o tiroteio em uma mercearia do Colorado no mês passado, houve mais de 850 tiroteios adicionais que mataram 250 e feriram 500 nos EUA, disse ele.

Medidas

Dentre as mudanças está o aumento de restrições às "armas fantasmas" e acessórios para armas comuns, o incentivo aos estados para removerem temporariamente o porte de armas para pessoas que representem riscos a si mesmos ou a outros, acompanhamento maior sobre o tráfico de armas de fogo, investimento em programas de intervenção dentro de comunidades com altos índices de violência.

Suas ordens visam endurecer as regulamentações sobre armas caseiras e fornecem mais recursos para a prevenção da violência armada, mas ficam muito aquém da agenda de controle de armas que ele definiu na campanha.

Na verdade, Biden mais uma vez pediu ao Congresso que aja, pedindo ao Senado que tome medidas aprovadas pela Câmara para fechar as lacunas na verificação de antecedentes. Ele também disse que o Congresso deveria aprovar a Lei da Violência Contra a Mulher, eliminar as isenções legais para fabricantes de armas e proibir armas de assalto e revistas de alta capacidade.

“Esta não é uma questão partidária entre o povo americano”, insistiu Biden.

Poucas mudanças

Embora tenha afirmado que está "disposto a trabalhar com qualquer pessoa para que isso aconteça", as medidas de controle de armas enfrentam poucas perspectivas em um Senado igualmente dividido, onde os republicanos permanecem quase unificados contra a maioria das propostas.

Além das medidas relativamente modestas sobre este assunto politicamente sensível, Biden anunciará a nomeação de David Chipman, um defensor do controle de armas, para liderar o Escritório do Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), uma agência central no combate à violência armada.

Como reflexo da falta de unidade política em qualquer assunto relacionado às restrições às armas de fogo, a ATF não tem um diretor confirmado pelo Senado desde 2015.

No ano passado, as armas de fogo deixaram mais de 43.000 mortos no país, incluindo os suicídios, segundo o site Gun Violence Archive. A organização registrou 611 "tiroteios em massa" em 2020, definidos como os que deixam ao menos quatro vítimas, contra 417 no ano anterior. Com informações da AFP.