Celebridades pedem que Biden não assine acordo ambiental com o Brasil

Por Livia Mendes

Ao todo, 35 artistas assinaram a carta aberta a Joe Biden.

Dezenas de celebridades, incluindo os atores Leonardo DiCaprio, Katy Perry e Joaquin Phoenix, enviaram uma carta ao presidente dos EUA, Joe Biden, pedindo que ele não assine qualquer acordo ambiental com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Entre os signatários da carta de terça-feira estão também celebridades brasileiras, como os cantores Gilberto Gil e Caetano Veloso, além do astro da série Narcos da Netflix, Wagner Moura.

Os EUA e o Brasil têm mantido negociações bilaterais desde fevereiro, e o ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro tem falado abertamente sobre seu desejo de apoio financeiro dos EUA para a preservação da Amazônia.

As 35 celebridades que assinaram a carta se juntam a outros que se opõem a qualquer acordo com o líder brasileiro. Mais de uma dúzia de democratas do Senado enviaram uma carta ao presidente Biden na semana passada instando-o a condicionar qualquer apoio à preservação da Amazônia a um progresso significativo na redução do desmatamento. Os senadores citaram o lamentável histórico ambiental de Bolsonaro.

“Compartilhamos sua preocupação de que ações urgentes devem ser tomadas para enfrentar as ameaças à Amazônia, ao nosso clima e aos direitos humanos. Mas um acordo com o Bolsonaro não é a solução”, dizia o documento.

Artistas disseram que se aliaram aos povos indígenas e grupos da sociedade civil que expressaram preocupação sobre um possível acordo com o líder conservador brasileiro. A carta foi apoiada por vários grupos sem fins lucrativos, incluindo AmazonWatch.

“Solicitamos seu governo a ouvir esse apelo e não se comprometer com nenhum acordo com o Brasil neste momento. A integridade deste ecossistema crítico está se aproximando de um ponto crítico devido ao aumento das ameaças à floresta tropical e seus guardiões indígenas pelo governo Bolsonaro, incluindo desmatamento, incêndios e ataques aos direitos humanos”, dizia a carta.

Esta não é a primeira vez que artistas entram em confronto com Bolsonaro por causa do manejo da floresta amazônica. Em 2019, a organização ambientalista de DiCaprio, Earth Alliance, prometeu $ 5 milhões para ajudar a proteger a Amazônia após uma onda de incêndios naquele ano. Bolsonaro disse mais tarde, sem apresentar qualquer evidência, que DiCaprio havia financiado grupos sem fins lucrativos que ele alegou serem parcialmente responsáveis por causar incêndios. Também em 2019, Greta Thunberg expressou preocupação com a matança de povos indígenas na Amazônia brasileira. Poucos dias depois, Bolsonaro chamou o jovem ativista ambiental sueca de “pirralha”.

Desmatamento no governo Bolsonaro

Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2019, Bolsonaro apoiou poderosos interesses do agronegócio, atacou ativistas ambientais e alinhou a política externa com o ex-presidente Donald Trump. Enquanto isso, o desmatamento na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, atingiu seu pior nível desde 2008.

A assessoria de imprensa do vice-presidente Hamilton Mourão confirmou que o desmatamento em março dizimou mais de 360 quilômetros quadrados de floresta, um aumento de 12% em relação a março de 2020, e o maior em pelo menos cinco anos. Mas, desde a posse de Biden, o governo brasileiro tem feito gestos para transmitir que poderia ser um parceiro ambiental de confiança.

O Brasil está buscando $ 1 bilhão em financiamento estrangeiro para apoiar os esforços para reduzir o desmatamento em 30% a 40% em um ano, disse recentemente o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Embora o Brasil diga que precisa de financiamento para mostrar quaisquer melhorias na Amazônia, os críticos pedem que Biden não dê nenhum auxílio financeiro sem resultados.

Fonte: AP News