Discurso de Biden ao Congresso: O que ele conseguiu em 100 dias?

O presidente Joe Biden afirmou que "herdou uma nação em crise" ao assumir o mandato, celebrou a vacinação em massa contra o coronavírus e pediu plano trilionário para proteção social e para reaquecer o mercado de trabalho — além de outros temas dos 100 primeiros dias do novo governo, apresentados em discurso ao Congresso nesta quarta-feira, 28.

Mas o que ele conseguiu nesses 100 dias de governo?

Apesar de falar em bipartidarismo, unidade e fim "desta guerra incivil", sua legislação ainda não recebeu qualquer apoio dos republicanos no Congresso. Suas políticas de imigração foram implementadas de forma hesitante e estão sofrendo ataques da direita e da esquerda. O caminho a seguir nas prioridades liberais como saúde, educação e controle de armas é incerto.

Por um lado, o presidente democrata está indo muito bem. Ele e seus aliados no Congresso aprovaram um pacote de ajuda pelo coronavírus e estão avançando em um segundo projeto massivo - um pacote de gastos de vários trilhões de dólares que o governo define amplamente como "infraestrutura".

As pesquisas de opinião pública mostram que Biden tem o apoio da maioria do público americano, bem à frente de onde Donald Trump estava neste momento de sua presidência. Biden conseguiu preencher seus principais cargos de gabinete com apenas alguns soluços e também fez algumas escolhas judiciais.
Para muitos americanos, sua abordagem lenta, mas constante para governar está proporcionando uma pausa bem-vinda após a turbulenta presidência de Donald Trump.

Vacinação contra a covid-19

Quando Biden assumiu o cargo, a distribuição da vacina estava sendo amplamente administrada por estados individuais - e como testes e distribuição de equipamentos de proteção durante a administração de Trump - que produziu resultados mistos.

Os democratas adotaram uma abordagem muito mais envolvente e, junto com uma onda de fundos federais de projetos de lei de ajuda da Covid aprovados em dezembro e fevereiro, os resultados foram um dos melhores esforços de vacinação do mundo.

Economia

Biden assumiu a presidência com uma nação em recuperação das profundezas da contração econômica induzida pelo bloqueio em 2020. Desde então, o governo - e os democratas no Congresso - têm juntado uma enorme quantidade de fundos do governo para garantir que o crescimento continue. O pacote de ajuda de US $ 1,9 trilhão aprovado em fevereiro incluiu pagamentos diretos a muitos norte-americanos, aumento do seguro-desemprego, fundos para empresas e governos estaduais e ajuda infantil que deve reduzir pela metade a taxa de pobreza juvenil nos Estados Unidos.

Os economistas preveem que o crescimento dos EUA em 2021 poderá se aproximar de 6% - um nível não visto desde os anos 1980. Existe até alguma preocupação de que a economia possa crescer muito rápido, levantando o espectro de uma inflação galopante. A crescente desigualdade de renda exacerbada pela pandemia também terá consequências de longo prazo que podem ameaçar a posição política de Biden.

No momento, porém, o desemprego está caindo, as empresas estão reabrindo e o mercado de ações está crescendo. Todas essas são boas notícias para o presidente.

Imigração

Se enfrentar as consequências econômicas e para a saúde pública da pandemia de coronavírus foram os dois desafios mais óbvios que Biden enfrentou em seus primeiros 100 dias - os "conhecidos conhecidos", como disse certa vez o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld -, a imigração foi a crise surpresa.

Devido a uma combinação de movimento pela Covid em 2020, uma percepção entre os migrantes da América Central de que a administração Biden seria mais acolhedora e uma nova política de admitir a maioria dos menores desacompanhados que cruzam a fronteira EUA-México, o número de migrantes sem documentos que tentam entrar nos EUA a partir do México atingiu níveis recordes.

Meio Ambiente

Biden voltou os EUA ao Acordo do Clima de Paris, cancelou a construção do oleoduto Keystone XL e começou o processo de restabelecimento dos regulamentos que foram revogados durante a presidência de Trump. Na semana passada, ele prometeu cortar as emissões de carbono dos EUA em 50% abaixo dos níveis de 2005 até 2030. Sua "cúpula climática" internacional pode ter sido pesada em retórica e com pouca substância, mas representa seu primeiro esforço para posicionar os EUA como um líder global politica ambiental.

Talvez os esforços ambientais mais significativos de Biden, no entanto, estejam profundamente enterrados no pacote de infraestrutura de US $ 2 trilhões que se tornou a principal prioridade legislativa do governo. A proposta de Biden inclui centenas de bilhões de dólares para geração de energia limpa, melhorias na rede de energia, suporte para veículos elétricos, limpeza de locais com combustível fóssil e pesquisa climática. Com informações da BBC.