Entenda o porquê de muitos americanos não voltarem para a segunda dose

Por Livia Mendes

A segunda injeção da vacina Pfizer deve ser administrada 21 dias após a primeira. Para a Moderna, a segunda dose é 28 dias depois.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) relataram recentemente que quase 8% dos milhões que receberam a primeira dose da vacina covid-19 não haviam retornado para receber a segunda injeção. O dado levantou preocupações de que os Estados Unidos poderiam não ser capazes de alcançar imunidade de rebanho.

Especialistas em saúde afirmam que esse número é um indicativo de que a população precisa ser informada sobre a importância do reforço da vacina para proteção individual e de outras pessoas durante a pandemia.

Entretanto, o CDC disse que o número de pessoas que perderam doses, aproximadamente 5 milhões, pode não ser exato. Se uma pessoa recebeu as duas doses de diferentes entidades de comunicação (primeiro de uma clínica estatal e depois de uma clínica de saúde local) as duas doses podem não ter sido vinculadas por bancos de dados, disse um porta-voz do CDC.

Motivos de abstenção da segunda dose

Várias pessoas relataram que conseguiram a segunda tentativa em um local diferente do primeiro, e os administradores do primeiro local os contataram repetidamente para marcar uma consulta para uma segunda tentativa, que já havia sido administrada em outro lugar.

Entretanto, algumas pessoas realmente não pretendem buscar a segunda dose do imunizante. O medo dos efeitos colaterais da segunda dose (que, para algumas pessoas, são supostamente mais graves do que após a primeira dose) junto com a dificuldade em conseguir uma consulta e encontrar tempo para isso estão entre as razões que as pessoas alegam para omitir as segundas doses.

Mas outra razão pela qual as pessoas podem estar pulando a segunda dose é não entender a importância dela ou estar mal informadas. Algumas pessoas não voltam para o reforço porque acham que a primeira dose oferece proteção suficiente. A maioria dos americanos pode estar mal informada sobre o momento da imunidade após a vacinação, de acordo com um novo estudo publicado na quarta-feira no New England Journal of Medicine.

A pesquisa mostra que cerca de 20% dos entrevistados acreditam que as vacinas dão aos receptores uma forte proteção após a primeira dose, e outros 36% não têm certeza. Apenas 44% das pessoas vacinadas relataram que as vacinas conferiram "forte proteção" uma a duas semanas após a segunda dose, como afirmam as diretrizes do CDC.

Importância do reforço

Na verdade, a primeira dose apenas "prepara o sistema imunológico, depois a segunda dose o estimula. Isso a torna uma opção melhor para obter imunidade", como explicou o correspondente médico-chefe da CNN, Sanjay Gupta. Embora haja alguma proteção após a primeira injeção, não está claro quanto tempo isso dura e não está nem perto do que a imunização completa oferece.

E então há a questão de se o país pode obter imunidade coletiva (o que significa que 70% a 85% da população estar imune) se o número de pessoas que não recebem uma segunda dose da vacina continua aumentando. Segundo especialistas, é preciso ter durabilidade da inoculação para atingir a imunidade de rebanho e, apenas recebendo a primeira dose, não se tem certeza sobre a duração da imunização.

Fonte: CTV News