Primeiro brasileiro extraditado para os EUA por tráfico de drogas cumpre pena em Ohio

Por Arlaine Castro

O brasileiro Trevor Rodrigues, de 40 anos, foi o primeiro brasileiro extraditado aos Estados Unidos pelo crime de tráfico de drogas.

Atualmente cumprindo pena em uma prisão em Ohio, o brasileiro Trevor Rodrigues, de 40 anos, foi o primeiro brasileiro extraditado aos Estados Unidos pelo crime de tráfico de drogas.

Acusado de conspiração para importar mais de 700 quilos de cocaína para os Estados Unidos, de acordo com informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), obtidas com exclusividade pelo Núcleo de Jornalismo Investigativo da RecordTV, ele integrou quadrilhas especializadas em traficar cocaína desde a costa da Colômbia até estados do sul dos Estados Unidos.

Investigado pela DEA, a agência norte-americana antidrogas, Rodrigues foi detido em fevereiro de 2019 em Bogotá, capital da Colômbia, e, depois, em março de 2020, foi extraditado para os Estados Unidos.

Em 28 de fevereiro de 2019 Rodrigues foi indiciado pelo Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Norte de Ohio por uma suposta conspiração para importar mais de 700 quilos de cocaína para os Estados Unidos.

Atualmente, ele cumpre pena em uma prisão em Ohio. Rodrigues não tem advogado brasileiro constituído. Aos policiais, ele alegou não fazer parte de nenhuma organização criminosa.

Extradição

De acordo com Gustavo Zortéa da Silva, defensor público federal responsável pelo setor de extradições, explica que Trevor só foi extraditado por ter sido detido na Colômbia. Segundo ele, a Constituição brasileira determina que nenhum brasileiro nato pode ser extraditado uma vez detido em território nacional.

“Se ele for brasileiro nato e se tivesse sido preso no Brasil, ele [Rodrigues] não seria extraditado. Ele só foi extraditado porque efetivamente estava em outro território que não o território da nacionalidade originária dele, que é o Brasil”, disse.

Filho de pai guianês, Trevor fala inglês fluentemente. Em seus registros de viagem, constam diversas saídas do Brasil com destino a países como Estados Unidos, Portugal e Holanda. Há ainda registros de travessia da fronteira entre Tabatinga (AM) e a cidade de Letícia, na Colômbia, no trapézio amazônico.

Grupo criminoso

De acordo com as investigações da DEA, Rodrigues integrava um grupo criminoso identificado como “Real”. Esse grupo é ligado ao narcotraficante Marcos de Jesus Figueroa, o Marquitos Figueroa, e ao ex-governador de Guajira Juan Francisco Gomez Cerchar, o Kiko Gomez. Os dois colombianos são acusados de liderar um grupo de extermínio paramilitar que assassinou, desde os anos de 1990, mais de 130 pessoas naquele país.

Segundo a Abin, “Marquitos é possivelmente a maior liderança criminal da fronteira costeira colombo-venezuelana”. Ele foi detido em Boa Vista (RR) em 22 de outubro de 2014. Naquela data, ele alegou estar na cidade apenas visitando a namorada brasileira e negou a prática de atividades delitivas em território brasileiro.

A Abin, desde então, monitora a possibilidade de que Trevor tenha passado a integrar o grupo de Marquitos quando o colombiano frequentou Roraima com frequência. "O engajamento de brasileiro em organização colombiana deste porte consiste em evento inédito, o que tornou o episódio objeto de interesse da Agência Brasileira de Inteligência", informou a Abin.

"A permanência no Brasil de célula vinculada à organização de Marquitos Figueroa configura risco significativo, em virtude do porte e da centralidade dessa quadrilha no tráfico de drogas com destinos aos EUA", complementou a agência.

Também são verificados riscos relacionados à consolidação de grandes rotas de droga no estado de Roraima, o que agravaria uma crise estabelecida no momento no local decorrente da migração massiva de pessoas da Venezuela, além de problemas originados pela presença intensiva de integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Carlos Magno Rodrigues, coordenador de Análise de Redes Criminosas Transnacionais da Abin, afirma que o acompanhamento da agência continuou após a prisão de Rodrigues: "Nós temos análises que indicam que somente na região de Roraima existam, pelo menos, 600 pessoas envolvidas em algum tipo de crime, como tráfico de drogas, contrabando de imigrantes, contrabando, descaminho." Com informações do portal R7 e canal ABC6.