Governador de NY, Andrew Cuomo, é acusado de assédio sexual

Uma investigação acusa o governador de Nova York, Andrew Cuomo, de assediar sexualmente várias mulheres dentro e fora do governo. Ele nega as acusações e disse que não irá renunciar.

Segundo o procurador-geral de Nova York, a descoberta dos possíveis assédios renovou os pedidos de renúncia ou impeachment do democrata nesta terça-feira, 3,

Cuomo permanece dizendo que “os fatos são muito diferentes do que foi retratado” e rejeita os pedidos de renúncia. 11 mulheres prestaram depoimentos com provas.

Assédios

A investigação de quase cinco meses descobriu que a administração de Cuomo era um "ambiente de trabalho hostil" e "repleto de medo e intimidação". A investigação, conduzida por dois advogados externos, envolveu entrevistas com 179 pessoas, incluindo acusadores de Cuomo, funcionários atuais e ex-funcionários da administração e o próprio governador.

A advogada trabalhista Anne Clark, que liderou a investigação com o ex-procurador dos EUA Joon Kim, disse ter encontrado 11 mulheres que se declaram vítimas confiáveis, observando que as alegações foram corroboradas em vários graus, incluindo por outras testemunhas e mensagens de texto recentes.

“Essas entrevistas e evidências revelaram um quadro profundamente perturbador, mas claro: o governador Cuomo assediou sexualmente funcionários e ex-funcionários estaduais, violando leis federais e estaduais”, disse a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, em uma entrevista coletiva nesta terça-feira.

As descobertas da investigação, detalhadas em um relatório público de 165 páginas, aumentam a pressão sobre o governador de 63 anos, que há apenas um ano foi amplamente saudado por sua liderança firme durante os dias mais sombrios da crise COVID-19, até escrevendo um livro sobre isso.

Desde então, ele viu sua posição desmoronar com acusações de assédio e perguntas em uma investigação separada e contínua sobre se os recursos do estado foram usados para escrever o livro e a descoberta de que seu governo ocultou o verdadeiro número de mortes em lares de idosos durante a pandemia.

Embora a investigação de James tenha sido concluída sem quaisquer referências aos promotores criminais, as autoridades locais poderiam decidir usar suas evidências e conclusões para montar seus próprios casos. O relatório também deverá desempenhar um papel importante em uma investigação em andamento na

Assembleia estadual sobre se há motivos para o impeachment de Cuomo.

Assédio

Em pelo menos uma ocasião, segundo a investigação, Cuomo e sua equipe sênior trabalharam para retaliar um ex-funcionário que o acusou de transgressão. Cuomo também havia assediado mulheres fora do governo, concluiu a investigação.

O relatório detalhou, pela primeira vez, as alegações de que Cuomo assediou sexualmente uma policial feminina em seu destacamento de segurança. O governador teria passado a mão ou os dedos pela barriga e costas dela, beijou-a na bochecha, pediu sua ajuda para encontrar uma namorada e perguntou por que ela não usava vestido.

O relatório também incluiu uma alegação de uma outra mulher que trabalhava para uma empresa de energia que disse que Cuomo a tocou de forma inadequada em um evento. Ele teria passado os dedos pelas letras de sua camisa, lendo o nome de sua empresa em voz alta. Então ele se inclinou e disse: "Eu vou dizer que vi uma aranha em seu ombro", e passou a mão entre o ombro e os seios dela.

Desde o inverno passado, Cuomo enfrenta várias acusações de que ele tocou e assediou sexualmente de forma inadequada mulheres que trabalhavam com ele ou que ele conheceu em eventos públicos. Uma assessora em seu escritório disse que ele apalpou seu seio.

Outra, Lindsey Boylan, disse que Cuomo a beijou nos lábios depois de uma reunião em seu escritório e "se esforçava para me tocar na parte inferior das costas, braços e pernas".

Outras assessoras disseram que o governador fez perguntas pessoais indesejáveis sobre sexo e namoro.

Uma ex-assessora, Charlotte Bennett, disse que Cuomo perguntou se ela estava aberta ao sexo com um homem mais velho.

“Alguns sofreram com toques indesejados e agarrando as partes mais íntimas do corpo. Outros sofreram com repetidos comentários ofensivos, sexualmente sugestivos ou baseados em gênero ”, disse Kim na terça-feira. “Várias delas suportaram ambos. Nenhuma delas gostou disso. E todas acharam perturbador, humilhante, desconfortável e inapropriado. ”

Os regulamentos do estado de Nova York dizem que o assédio sexual inclui conduta indesejada de natureza sexual - de flertes indesejados a piadas sexuais - que cria um ambiente de trabalho ofensivo, independentemente da intenção do perpetrador. 

O governador, ao contrário, argumentou repetidamente que não tinha a intenção de assediar ninguém. Seu escritório disse que ele fez o treinamento obrigatório do estado para assédio sexual, mas não forneceu nenhuma documentação que comprove que o fez. Com informações da Associated Press.