"DNA de cobra" - americano mata filhos por acreditar na teoria da conspiração QAnon

Por Arlaine Castro

Matthew Taylor Coleman, 40, foi preso suspeito de matar seus dois filhos pequenos no México.

Convencido de que seus dois filhos teriam “DNA de cobra”, o americano Matthew Taylor Coleman, de 40 anos, morador da Califórnia e adepto da teoria da conspiração QAnon, foi acusado, na quarta-feira, 11, de tê-los assassinado, de acordo com documentos oficiais.

Na ação judicial, os agentes federais relatam que o homem disse que sabia que estava fazendo algo ruim, mas que para ele “essa era a única coisa que salvaria o mundo”.

Coleman foi acusado de levar seus filhos, um de 2 anos e o outro de 10 meses, ao México. Lá, ele os teria matado antes de voltar aos EUA, onde foi preso, segundo um comunicado da Procuradoria Geral da Califórnia.

A mãe das crianças fez uma denúncia pela primeira vez em 7 de agosto, quando Coleman as tirou da casa que compartilhavam. Ele havia dito que os levaria para acampar, mas se recusou a dizer onde e não respondeu ligações e mensagens de texto. O homem também não tinha uma cadeira especializada para crianças pequenas em seu carro.

Um dia depois, a polícia o encontrou a partir do aplicativo de localização “Encontre meu Iphone”, que indicava que o último lugar onde esteve era na cidade de Rosarito, no México. Quando voltou aos Estados Unidos, no dia seguinte, ele foi detido pelo FBI ainda na fronteira.

Coleman confessou ter atirado em seus dois filhos com um fuzil de pesca submarina e ter abandonado os corpos em território mexicano. As autoridades do país encontraram, depois de algumas buscas, as crianças mortas. Segundo a ação judicial, o homem afirmou crer que “seus filhos iriam se transformar em monstros e por isso teria de os matar”,

Ele também disse aos agentes que estava “iluminado pelas teorias da conspiração QAnon e dos Illuminatis, e que estava recebendo visões e sinais de que sua esposa tinha DNA de cobra, o transmitindo para as crianças”.

Coleman será julgado por assassinato de cidadãos americanos no exterior. Com informações da AFP. 

O que é a conspiração QAnon? 

Segundo descrição da Wikipedia, QAnon é uma teoria da conspiração de extrema direita, criada nos Estados Unidos, que alega haver uma cabala secreta, formada por adoradores de Satanás, pedófilos e canibais, que dirige uma rede global de tráfico sexual infantil e que esteve conspirando contra o ex-presidente Donald Trump e os seus apoiantes, durante o seu mandato. A conspiração teria sido engendrada com base num plano secreto do denominado de "Estado Profundo" (deep state).

Tal teoria conspiracionista terá surgido em outubro de 2017, no imageboard anônimo 4chan, por meio de um post escrito por um indivíduo anônimo, presumivelmente norte-americano, e que usava o pseudônimo de Q,o qual, provavelmente, passou a ser compartilhado, depois, por um grupo de pessoas. Q alegava ter acesso a informações classificadas sobre oponentes do governo Trump e acusou (falsamente) muitos atores liberais de Hollywood, políticos democratas e altos funcionários de se envolverem em um círculo internacional de tráfico sexual de crianças. Alegou também que Donald Trump fingiu conluio com os russos a fim de recrutar Robert Mueller para se juntar a ele na exposição do círculo e impedir um golpe de Estado liderado por Barack Obama, Hillary Clinton e George Soros.

Os adeptos do QAnon normalmente marcam suas postagens nas mídias sociais com a hashtag #WWG1WGA, representando o lema "onde for um, vamos todos nós".

O Partido Republicano elegeu no ano passado ao menos uma deputada, Marjorie Taylor Greene, do estado da Geórgia, adepta da teoria, e muitos dos invasores do Capitólio, em 6 de janeiro, também acreditavam na QAnon.