Senado dos EUA aprova emenda para fornecimento de internet em Cuba

Por Arlaine Castro

Havana, Cuba, July 15, 2021. No dia seguinte à votação, Cuba acusou o Senado de "agressão" por permitir que o governo de Joe Biden forneça acesso à internet aos cubanos.

O Senado aprovou na quarta-feira, 11, uma emenda que solicita ao governo do presidente Joe Biden a oferta de livre acesso à internet em Cuba.

A tecnologia deve ser entregue à ilha com a criação de um fundo que possibilite o serviço “aberto e sem censura”. A emenda foi uma das aprovadas durante a maratona de votações que ocorreu ao longo da madrugada e antes da aprovação da iniciativa orçamentária apresentada pelos democratas, um plano avaliado em US$ 3,5 trilhões.

Os senadores republicanos, Marco Rubio e Rick Scott, da Flórida, foram os responsáveis pela apresentação da emenda. A justificativa dada por eles foi de que o fornecimento de internet auxiliaria os cidadãos “privados do fluxo livre de informação pelo regime comunista ilegal cubano”.

O senador Rubio, de pais cubanos, lembrou que tem ressaltado a importância do acesso dos cubanos à internet “desde que os protestos históricos começaram, há um mês”.

“A repressão do regime deixa clara a necessidade de agir agora. Felizmente, a tecnologia existe para fornecer conectividade”, disse em comunicado publicado na sua página nas redes sociais.

Na mesma nota, Scott frisou que “o tempo para o presidente Biden rever a sua política em relação a Cuba acabou”.

“Temos de tomar medidas imediatas para implementar toda a tecnologia para facilitar o livre fluxo de informação de e para a ilha, e amplificar as vozes do povo cubano através da aprovação desta emenda”, disse.

Com a aprovação da emenda e da iniciativa orçamentária, o texto será enviado à Câmara dos Representantes e precisa do aval da Casa para ser aprovado.

No final do mês passado, após protestos que deixaram pelo menos um morto e centenas de presos, os EUA anunciaram mais sanções contra o governo cubano, desta vez contra a Polícia Nacional Revolucionária (PNR) e dois dos seus líderes, depois dos protestos de 11 de julho.
Antes de anunciar as sanções, Biden disse que o governo americano avaliava “todas as opções disponíveis” para proporcionar ao povo cubano acesso à internet.

Cuba não gostou

No dia seguinte à votação, Cuba acusou o Senado de “agressão” por permitir que o governo de Joe Biden forneça acesso à internet aos cubanos.

“Denuncio a agressão do Senado dos Estados Unidos por meio de uma emenda sobre a internet em Cuba, que contribui para o lucrativo negócio de sua máquina político-subversiva na Flórida”, disse o chanceler Bruno Rodríguez no Twitter.

Rodríguez destacou que o “bloqueio” dos Estados Unidos, intensificado sob os governos de Donald Trump e Biden, “é o obstáculo fundamental ao acesso livre e soberano do povo cubano à internet”.