EUA abrem investigação sobre restos humanos em roda do avião que saiu de Cabul

Por Arlaine Castro

Afegãos invadem um avião no aeroporto de Cabul, na tentativa de sair do país.

O Escritório de Investigações Especiais da Força Aérea dos Estados Unidos abriu uma investigação para apurar as circunstâncias que levaram a restos humanos encontrados no poço da roda de um C-17 que decolou do aeroporto internacional de Cabul, no Afeganistão.

Esse voo é diferente do C-17 que estava lotado com 640 pessoas a bordo quando decolou na segunda-feira. O voo que está sendo periciado no Catar saiu na noite de domingo (15).

Os restos mortais foram descobertos depois que o avião pousou na Base Aérea de Al Udeid, no Catar. "A aeronave está apreendida para coleta do material humano e para inspeção antes de retornar ao status de voo", disse Força Aérea em comunicado.

A tripulação tomou a decisão de decolar por causa da deterioração da situação de segurança no aeroporto, depois que centenas de afegãos violaram o perímetro e cercaram o C-17.

O vídeo de afegãos correndo com o avião se tornou viral, assim como as imagens de pessoas caindo da lateral do avião já no ar.

Militares americanos evacuaram até agora cerca de 3.200 pessoas do Afeganistão, incluindo 1.100 só nesta terça-feira (17), disse um funcionário da Casa Branca. As 3.200 pessoas tiradas até o momento do Afeganistão incluem pessoal americano e quase 2.000 "imigrantes especiais", afegãos que foram enviados aos Estados Unidos. Com informações da AFP. 

Entenda

Tropas americanas foram enviadas ao Afeganistão em 2001, logo após o atentado do 11 de setembro. A intenção era capturar Osama Bin Landen - então chefe do grupo terrorista AlQaeda, responsável pelos ataques segundo as autoridades americanas. 

Trump assinou um acordo com os talibãs em fevereiro de 2020 para encerrar a presença dos EUA no país e Biden tinha até setembro para retirar as tropas. “Ou recrudescer o conflito” bélico, disse. Mas “se as forças afegãs não iriam lutar, permanecer um ano ou mais não significaria nada”, frisou, acusando os líderes afegãos de falta de vontade, apesar de ter dado a eles “tudo o que precisavam”.

Na última segunda-feira, o presidente Joe Biden defendeu com firmeza sua decisão de retirar o país do Afeganistão, atribuindo aos líderes afegãos o colapso do país —“muito mais rápido do que o esperado”, admitiu— pela falta de vontade política para unir forças contra os talibãs.

“Os soldados americanos não poderiam e não deveriam continuar lutando e morrendo em uma guerra que os afegãos não estão dispostos a lutar”, disse, após se referir “à rendição” e à fuga das autoridades afegãs, lideradas pelo presidente Ashraf Ghani após a tomada da capital pelos mujahideen, no domingo.