Brasileiro acusa ex-esposa de sequestrar filho para os EUA

Por Arlaine Castro

Álefe Freitas, de 27 anos, alega que seu filho foi trazido para os Estados Unidos de forma ilegal pela ex-esposa, Ângela Turmina.

Um morador de Rondônia acionou a Justiça e a Polícia Federal (PF) para denunciar um suposto sequestro internacional de criança. Segundo Álefe Freitas, de 27 anos, há seis meses seu filho foi trazido para os Estados Unidos de forma ilegal pela ex-esposa, Ângela Turmina, e desde então ele não viu mais a criança.

Isso aconteceu após o homem assinar uma autorização de viagem. Com o documento assinado por Álefe, a mulher teria retirado o filho deles de Ji-Paraná (RO) e entrado ilegalmente nos EUA pela fronteira com o México. 

Segundo Álefe, a ex-mulher fez a travessia em abril deste ano com duas crianças: o filho deles, que na época tinha quatro anos, e a filha que ela teve em outro casamento, de oito anos. Ângela nega ter entrado nos EUA ilegalmente.

Depois de procurar ajuda em vários órgãos públicos, Álefe entrou com uma petição na Justiça no fim de setembro pedindo a guarda unilateral, sob a alegação que a mãe colocou em risco a vida da criança fazendo uma travessia ilegal, além de tirá-la do meio familiar e da escola de forma abrupta.

"Eu durmo e acordo pensando em trazer meu filho. Eu sonho com ele todo dia", lamenta o pai.

De acordo com a convenção da Haia, que regulamenta processos como este entre países, o pai precisa contratar um advogado nos Estados Unidos — onde a criança está — para entrar com uma ação de busca e apreensão. No entanto, o valor mínimo que Álefe conseguiu encontrar para a prestação desse serviço é equivalente a mais de R$ 50 mil.

"O que ela fez comigo é algo praticamente imperdoável. Ela tirou totalmente o meu direito de ter contato com meu filho de ver o crescimento do meu filho", disse.

'Ela agiu pelas minhas costas'

Ainda segundo o pai, no início do ano Ângela informou que queria viajar de férias com o filho para visitar familiares no exterior, de forma legal, e precisava que ele assinasse uma autorização para a viagem e emissão de um passaporte.

"Eu confiei na palavra dela né? Que ela ia tentar o visto, ir legalmente. Até porque ela tinha um emprego fixo aqui na cidade, ela tinha casa, tinha moto, tinha tudo, ela tem uma vida estável aqui", revela.
Já no mês de abril, ele teria deixado a criança na casa da mãe para passar o fim de semana, mas quando tentou contato para saber como ele estava não obteve resposta. Quando Ângela ligou teria dito que estava em um sítio da família com dificuldade de acesso à internet e sinal de telefone.

"Eu já achei um pouco estranho porque a gente nunca fez nada sem se avisar. A gente sempre se comunicava", conta Álefe.

Diante da desconfiança, o pai insistiu no contato, mas não obteve sucesso. Quando foi até a residência onde Ângela costumava morar, Álefe percebeu que não tinha energia elétrica, gás de cozinha e as roupas estavam reviradas.

Assim que saiu da casa, ele foi até a Polícia Federal em Ji-Paraná (RO) e recebeu a informação de que ela havia saído de Porto Velho no dia 22 de abril em direção a São Paulo (SP) e depois até a Cidade do México.

No entanto, depois disso a PF teria informado ao pai que "não há nada que pudesse ser feito no momento, pois a autorização de viagem que ele assinou seria válida por três meses".

"Eu fiquei sem notícia dele [o filho] por cinco dias. Quando eu consegui falar com meu filho a primeira coisa que ele falou para mim foi 'pai eu tava preso'", conta Áfele.
Ângela confirmou ao G1 o trajeto informado pelo ex. Mas disse que depois de chegar ao México ela teria se entregado na imigração e ficado três dias em um "abrigo" antes de ser liberada para ir até o destino final.

Porém, afirma que não entrou e não está de forma ilegal no país.
Segundo Ângela, a intenção dela em morar nos Estados Unidos é dar melhor qualidade de vida para os filhos. A mãe diz também que o filho é feliz com ela e não sente vontade de viver com o pai.

Depois da separação, a guarda do filho era compartilhada na prática, sem envolvimento de processos judiciais. Conforme Álefe, a criança passava a maior parte do tempo com ele, involuntariamente. Com informações do G1.