Senado rejeita reforma eleitoral de Biden

Por Arlaine Castro

Biden diz que EUA têm compromisso de defender Taiwan

Senadores dos Estados Unidos deram um golpe fatal na quarta-feira, 19, ao projeto de reforma eleitoral promovido pelo presidente Joe Biden para defender o direito ao voto de minorias. Biden completa um ano como presidente nesta quinta-feira, 20. 

Diante de um bloqueio republicano, os democratas não conseguiram nem levar ao plenário os dois projetos de lei, que já tinham sido aprovados na Câmara dos Representantes.

Os senadores democratas desistiram de ativar um procedimento especial que lhes permitiria submeter ambos os textos para votação na Casa mesmo com o bloqueio da oposição.

"Estou profundamente desapontado que o Senado não tenha defendido nossa democracia. Estou desapontado, mas não dissuadido", afirmou o presidente americano após a derrota.
"Continuaremos avançando na legislação necessária e pressionando por mudanças nos procedimentos do Senado que protegerão o direito fundamental ao voto", acrescentou Biden.

Direito ao voto

Democratas e ativistas pelo direito ao voto defendiam o projeto de lei como uma resposta necessária aos esforços republicanos para restringi-lo em diversos estados, aprovando leis que afetam sobretudo negros e latinos.

Em diversos estados governados por republicanos, legisladores estaduais estão aprovando uma série de medidas para dificultar o direito ao voto. Eles têm sido impulsionados pelo ex-presidente Donald Trump, que perdeu a eleição para Biden em 2020 e, sem qualquer prova, alega fraude eleitoral.

"Eu sei que não é 1965. É isso que me deixa tão indignado. É 2022 e eles estão descaradamente removendo mais locais de votação de condados onde negros e latinos estão super-representados", criticou o democrata Cory Booker, senador por Nova Jersey.

O projeto promovido por Biden teria garantido o direito ao voto pelo correio, nas urnas e pelo menos duas semanas de votação antecipada, além de tornar o dia da eleição.

Também procurava impedir a prática de mudar distritos eleitorais (conhecida como "gerrymandering") e exigia que estados com histórico de discriminação obtivessem autorização federal para alterar regras eleitorais.

Republicanos contra

Mas todos os 50 senadores republicanos (metade da Casa, que tem 100 assentos) votaram contra as reformas, argumentando que restrições como limitar a votação por correspondência e insistir na identificação do eleitor eram apenas senso comum.

"A preocupação é equivocada. Se você olhar para as estatísticas, os eleitores negros estão votando em uma porcentagem tão alta quanto os demais nos Estados Unidos", disse o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, a repórteres antes da votação.

"Em uma pesquisa recente, 94% dos americanos acharam que era fácil votar. Isso não é um problema. A participação aumentou. É a maior participação desde 1900", argumentou McConnell.

Senado 

O Senado está dividido atualmente entre 50 republicanos e 50 democratas e independentes (que geralmente votam junto com os democratas).

Em caso de empate em uma votação, a vice-presidente Kamala Harris tem o voto de minerva, pois o(a) vice-presidente dos EUA ocupa também o cargo de presidente do Senado.

Mas, para votar um projeto de lei, é necessário o apoio de 60 senadores. E nenhum republicano quis levar os projetos de Biden ao plenário. Com informações da AFP.