"Falta de apoio": brasileiras falam sobre a maternidade sem a família nos Estados Unidos

A maioria aponta a solidão e a falta de apoio como maiores dificuldades durante a gravidez e o pós-parto.

Por Arlaine Castro

"Aqui a solidão é maior e todas as dificuldades normais da maternidade têm grande proporção", diz Luana Penteado.

A maternidade é um período importante na vida da mulher que vem carregado de várias mudanças. Mas pode se tornar difícil quando não há o básico: uma rede de apoio para a mãe, ainda mais quando se mora no exterior e não há familiares por perto.

Para esta reportagem especial do Dia das Mães, o Gazeta News buscou depoimentos de brasileiras sobre as maiores dificuldades de ser mãe morando nos EUA e longe da família no Brasil. Todas apontam a falta de apoio e solidão como principais dificuldades. 

Maternidade real nos EUA: 

"A principal dificuldade é não ter a família para dar aquela ajuda. Qualquer coisa que for fazer trabalhar, um jantar, etc, tem que pagar uma babá", Akyla Ferreira, Califórnia.

"Zero rede de apoio e ter que voltar tão rápido ao trabalho. 21 dias na primeira gestação e 15 na segunda", Carol Guijarro Mattos, Nova York.

"Com certeza a falta da rede de apoio", Carol Bernardes, Flórida.

"Aqui a solidão é maior e todas as dificuldades normais da maternidade tem proporção maior. Além do fato de não ter família aqui, para apoiar e ficar com minha filha mais velha, foi ter que ser hospitalizada dias após o parto devido a pré-eclâmpsia! Novamente precisei de amigos para ficar com minha filha e marido e bebê foram comigo para o hospital pois não falo inglês fluente", Luana Penteado, Flórida.

"A dor de estar longe da família. Sem apoio, ensinamentos, lidar com depressão, problemas na amamentação. Tudo isso e acima de tudo com marido americano abusivo. O meu ex não queria deixar minha mãe vir me visitar ou eu ir ao Brasil com minha bebê. A dificuldade de cria-las bilíngue também. Muitos obstáculos que com Fé em Deus foram vencidos. Agora com duas filhas, 15 e 10 anos de idade, meu ex ainda briga na justiça pela custódia", Flavia Alves, Nova York.

"É ser sozinha para criar um filho. Não ter apoio. Isso pesa muito", Fernanda Garcone, Califórnia.

"Acho que depende muito do status. Como imigrantes legalizadas as desvantagens são licença maternidade de 6 semanas se for parto normal, 8 semanas se for cesárea. Falta rede de apoio, e fica bem caro, ou quase inviável, pagar babysitter e até ajuda de diarista. Daycare tem lista de espera de mais de ano, e não espere a agendinha linda do BR que a "tia" conta detalhes do dia da criança (cocôs, xixis, quantas colheradas comeu). Aqui no final do dia é "all great, all well" (está vivo, não está?!). Nos exames, entender metade do que os médicos falam, mesmo tendo inglês fluente. Zero preferência para a gestante ou criança pequena, pelo contrário, estabelecimentos recusam ou dificultam 'little kids'. Se é ilegal, a mãe nem os direitos mínimos tem, e ainda tem que implorar por ajuda de custo para parir. Depois ao menos as crianças têm vantagens e benefícios do governo, mesmo se os pais não pagam impostos", Carol Moretti, Nova York.

“O maior desafio para mim é você não ter ninguém para te ajudar, não só no momento que você sai do hospital. Sou mãe de dois que nasceram no Brasil e uma aqui, minha bebê tem 1 ,7 meses a cada dia é uma exaustão, aqui é 24 horas com a mãe, não tenho ninguém aqui e sei que até os 4 anos são os mais difíceis, mas amo meus filhos”. Juliana Cantovitz Ferreira, Flórida.

“Difícil dizer o maior desafio, eu não sei dizer como mãe imigrante porque sou mãe de primeira viagem e ela nasceu aqui, mas eu imagino que o que seja mais difícil é não ter ajuda nenhuma. É você ter que aprender a se virar mesmo exausta e sem saber direito o que está fazendo. Eu não tenho ninguém para me basear e me orientar, então eu busco estudar muito e mesmo assim me vejo cometendo “erros óbvios”, mas acredito que nos próximos filhos tudo ficará mais fácil porque a gente sofre, mas é feliz e eu quero mais”, Rafaela Almeida, Flórida.

“Começa na dificuldade de começar o pré-natal e vai até a criança entrar na escola, pois não tem a cultura de ter empregada em casa e grande parte dos ‘daycares’ só aceita a criança depois de 2 anos, dependendo da cidade”, Anne Silveira Swensen, Flórida.

“No meu caso, me tornei mãe aqui e o maior desafio foi não ter rede de apoio”, Paula Barros, Flórida.

“Muitos! Não ter ajuda, não poder parar nem quando adoecemos. Ser mãe aqui fora é um desafio bem difícil”, Mariana Hausen de Castro, Flórida.

“Passar a gravidez sem a família. Eu tive depressão pós-parto por me sentir sozinha, não tinha leite o suficiente, emagreci horrores. Nasceu minha filha e não tinha ninguém da minha família, saí do hospital em 3 dias, cheguei em casa, fui lavar roupa. A solidão do pós parto em casa sozinha, sem a família para fazer sopa, para ajudar a cuidar, a falta de apoio, a solidão tudo dói, chorei muito”, Adriana Espinal, Flórida.

“A maior dificuldade que a maioria das mamães expatriadas enfrenta é a falta dos familiares que proporcionam não apenas ajuda com o bebê e afazeres, mas também representam aquele apoio emocional que todas almejam. Outro contraste marcante entre Brasil e USA é o relacionamento com ginecologistas-obstetras e pediatras. Nós sentimos muito a falto do 'jeitinho' único dos nossos excelentes médicos Brasileiros. A maternidade americana é extremamente centrada na criança e satisfação das suas vontades. Ao passo que no Brasil, percebemos que há menos centralização, apesar de um amor super carinhoso por parte das mães brasileiras. Outro grande desafio é a alimentação escolar na fase pré-escolar. Mães brasileiras ficam chateadas pelo menu escolar americano conter tanta pizza, chicken nuggets e hambúrgueres”, Stella Prata, Nova York.