EUA têm 40% de chance de estar em recessão em 2023, diz Bank of America

Por Arlaine Castro

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Economistas do Bank of America Securities veem cerca de 40% de chance de recessão no próximo ano nos Estados Unidos, com a inflação permanecendo persistentemente alta.

Eles esperam que o crescimento do Produto Interno Bruto deve desacelerar para quase zero até o segundo semestre do próximo ano "à medida que o impacto defasado das condições financeiras mais apertadas esfria a economia", enquanto veem apenas uma recuperação "modesta" no crescimento em 2024, de acordo com um relatório de pesquisa sexta-feira, 17.

"Nossos piores temores em torno do Fed foram confirmados: eles ficaram muito atrás da curva e agora estão jogando um jogo perigoso de recuperação", escreveu Ethan Harris, economista global do Bank of America Securities, acrescentando que a empresa espera que o Fed aumente as taxas de juros para "acima de 4%."

Confirmando a previsão, no domingo, 19, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse que prevê uma desaceleração no crescimento, mas ressaltou que uma recessão não é "inevitável".

"Prevejo que a economia vai se desacelerar", declarou Yellen no programa "This Week", da rede ABC, dias depois de o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) ter elevado suas taxas de juros de referência.

Mas "não acho que uma recessão seja inevitável, para nada", enfatizou.

A economia dos Estados Unidos se recuperou vigorosamente do impacto da pandemia do coronavírus, mas a inflação galopante e os problemas nas cadeias de suprimentos ampliados pela invasão russa da Ucrânia aumentaram o pessimismo dos consumidores.

Medidas de combate a inflação

Brian Deese, diretor do Conselho Econômico Nacional, conselheiro econômico do presidente Joe Biden disse estar esperançoso de que o Congresso aprove medidas que o governo diz que ajudarão a combater a inflação nas próximas semanas.

"Os preços estão inaceitavelmente altos no momento", disse Deese, em entrevista ao programa "Face the Nation", da CBS, no domingo. “É por isso que o presidente disse que precisamos fazer disso nosso principal foco econômico e fazer tudo o que pudermos para derrubá-los.”

Ele citou medidas para reduzir o custo de medicamentos prescritos, incentivos fiscais para energia e uma “reforma tributária há muito atrasada” como formas de ajudar as famílias americanas a lidar com a inflação mais rápida em 40 anos e sinalizar aos mercados que os EUA são “muito sérios” sobre conter o aumento dos preços.

A Casa Branca e os democratas do Congresso estão em negociações avançadas sobre uma legislação que visa combater a inflação, conter o déficit orçamentário dos EUA e reviver partes da agenda econômica estagnada de Biden, disseram pessoas informadas sobre as negociações na semana passada. Com informações da Reuters e AFP.