Por que os cubanos estão migrando para os Estados Unidos em ritmo recorde?

Até 1º de outubro de 2022, a estimativa é de que 150.000 cubanos terão chegado aos EUA, calcula o The New York Times.

Por Arlaine Castro

Imigrantes em barcos improvisados a cerca de 40 milhas a sudoeste de Key West, Flórida, em 8 de julho de 2022.

Quase 2,7 milhões de pessoas que vivem na América nasceram em Cuba ou relatam ascendência cubana. Nos últimos anos, o número de cubanos tentando entrar nos Estados Unidos mais do que dobrou.

Entre outubro de 2021 e maio de 2022, mais de 79.000 imigrantes cubanos chegaram ao solo americano, informa o New York Times, que estima que 150.000 cubanos terão chegado a este país até 1º de outubro de 2022. 

Março e abril registraram números recordes mensais de migrantes cubanos em 32.000 e 35.000, respectivamente, antes que o número caísse para 25.000 em maio. Para colocar isso em perspectiva, durante o mesmo período de 2019, cerca de 21.500 migrantes cubanos vieram para os Estados Unidos, segundo dados da U. S. Alfândega e Proteção de Fronteiras.

Os fatores atuais que impulsionam o aumento da migração cubana são variados, mas a crise econômica é o principal motivo. Desde a década de 1990, os migrantes cubanos têm sido predominantemente refugiados econômicos.

"A economia é o principal motor da migração", diz William LeoGrande, professor do governo especializado em política externa latino-americana na American University em Washington, D.C. "A economia cubana está em apuros entre a pandemia e as sanções dos EUA dá uma sensação na ilha de que a economia não está avançando. Há decepção, desesperança e frustração."

A Flórida tem a maior concentração de cubano-americanos nos EUA, seguida pela Califórnia, Nova Jersey, Texas e Nova York.

História da imigração cubana

A queda da União Soviética em 1991 mudou significativamente a imigração cubana para os EUA. Anteriormente, a maioria dos migrantes eram refugiados políticos. Após a queda da URSS, a economia cubana entrou em colapso, levando a nação a um colapso econômico durante um período que o governo cubano apelidou de "Período Especial".

Desde a década de 1990, os migrantes cubanos têm sido predominantemente refugiados econômicos. Em 1994, quando cerca de 35.000 cubanos emigraram para os Estados Unidos em balsas improvisadas no que mais tarde ficou conhecido como a Crise Balsero, o governo Clinton implementou a política conhecida como pé molhado, pé seco: essencialmente, os cubanos que chegaram ao solo dos EUA foram autorizados a ficar. Aqueles que foram interceptados ou resgatados no mar foram enviados de volta a Cuba. Esta política foi revogada durante os últimos dias do governo Obama.

A Lei de Ajuste Cubano de 1966 permite que os cubanos reivindiquem residência permanente depois de morar nos EUA por um ano. Mas muitos acreditam que o tratamento especial que os migrantes cubanos continuam recebendo nos EUA não durará para sempre, resultando em um desejo de migrar mais cedo ou mais tarde. Fonte: Miami New Times.

 Grupo desaparecido

Um grupo de cubanos está desaparecido desde abril, quando o barco improvisado para chegar à Flórida sumiu. Amigos e familiares nos EUA buscam informações.

“Meu melhor amigo é cubano. Sua neta Darliene de La Caridad Fernandez, de 20 anos, está grávida de três meses, e embarcou em um barco improvisado com mais 11 pessoas em 17 de abril. Até agora ele não tem notícias dela. Dois dos ocupantes do barco são opositores ao regime cubano. Eles embarcaram no sul de Cuba próximo ao Haiti, e, como haviam dois opositores procurados em Cuba, pode ser que se os guardas cubanos os pegaram. Se não os pegaram como para chegar até aqui eles têm que passar por Bahamas, talvez estejam ilhados ou perdidos em algumas das milhares de ilhas que há no caminho.

Porém, essas ilhas são constantemente vigiadas pela guarda costeira americana. Se foi esse o caso e os devolveram a Cuba também acredito que seja fim de jogo, todos pagam! A família está desesperada por informações”, contou um brasileiro morador do sul da Flórida.