Um dos piores tiroteios dos Estados Unidos: júri analisa pena de morte para atirador de Parkland (FL)

O ataque à Marjory Stoneman Douglas High School chocou todo o país, especialmente a comunidade do sul da Flórida.

Por Arlaine Castro

Nikolas Cruz poderá ser condenado à pena de morte ou prisão perpétua.

As autoridades da Flórida começaram a julgar na segunda-feira, 18, o autor de um dos piores massacres escolares dos Estados Unidos: o tiroteio de Parkland (FL) que matou 17 pessoas em 2018.

Nesta fase de julgamento, o júri popular formado por 12 pessoas ouve testemunhas de acusação e vai analisar se o réu, Nikolas Cruz, deve ser condenado à pena de morte ou prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

O ataque a escola Marjory Stoneman foi um dos piores ataques nos EUA. O tiroteio chocou todo o país e, especialmente a comunidade do sul da Flórida.

Até a manhã de quarta-feira, 27, a acusação tinha chamado 53 testemunhas para depor durante seu oitavo dia no tribunal. A defesa, representada pela defensora pública assistente Melisa McNeill, ainda não apresentou sua declaração de abertura e uma lista de testemunhas que provavelmente se concentrarão na saúde mental de Cruz e nas falhas sistêmicas que ele enfrentou.

De acordo com a lei da Flórida, se um único jurado rejeitar a pena capital, a sentença do jovem será de prisão perpétua sem liberdade condicional. O processo, que pode levar vários meses, é incomum para os Estados Unidos, onde é raro que os autores de tal massacre sobrevivam ao ataque.

"Muitos corpos no chão"

A Marjory Stoneman Douglas High School se transformou em uma cena de caos em 14 de fevereiro de 2018. "Havia vários corpos no chão", disse um estudante sobrevivente em depoimento ao júri na quarta-feira, 20, terceiro dia do julgamento da pena do atirador confesso Nikolas Cruz.

No início do julgamento, os jurados ouviram testemunhas que depuseram sobre os tiros, os gritos, as lágrimas e os ferimentos.

"Lembro-me de ver muitos corpos no chão", disse o estudante Kyle Laman, ferido no tornozelo e ainda lutando para processar o que viu. Laman foi baleado, mas ainda conseguiu sair de um banheiro do terceiro andar em segurança quando Cruz abriu fogo do outro lado do corredor.

"Eu era a única pessoa fora do atirador no corredor, ao lado dos corpos no chão, e comecei a correr e ele começou a atirar em mim", testemunhou Laman.

Houve confusão - era um treinamento? Havia medo - os alunos se descreveram correndo de um lugar para outro, deitando uns sobre os outros, usando suas mochilas como escudos. Uma testemunha descreveu como Cruz fugiu do local misturando-se com a multidão que escapava.

Brasileiros

Passados quatro anos, pais brasileiros cujos filhos estudavam ou ainda estudam na escola falam sobre a realidade do dia a dia impactada pela tragédia, a segurança da escola e o que se espera do julgamento.

"Minha filha está bem, mas não vai esquecer nunca o que ela viveu dentro da escola. Só o tempo para superarmos tudo! Espero que ele (Nikolas Cruz) seja condenado logo o mais rápido possível", diz Daniela Lemos, mãe de Vitor de Castro, que se formou meses após o ataque, e Manuela, que ainda estuda na escola.