Prótese de silicone: FDA alerta sobre mais tipos de câncer de mama relacionados

Por Arlaine Castro

Um outro tipo de câncer chamado carcinoma de células escamosas e outros tipos de linfoma podem ser relacionados aos implantes, diz a FDA.

Os implantes mamários podem causar mais tipos de câncer do que se pensava anteriormente, alertou a Food and Drug Administration dos EUA na quinta-feira, 8. Apesar dos casos serem raros, a entidade acredita que é necessário reforçar os riscos às mulheres que possuem ou pretendem colocar silicone.

Segundo comunicado da agência, as mulheres que têm implantes mamários ou estão pensando em obtê-los podem desenvolver certos tipos de câncer no tecido cicatricial, que se forma ao redor dos implantes. Os tumores malignos parecem ser raros, mas têm sido associados a implantes de todos os tipos, incluindo aqueles com superfícies texturizadas e lisas, preenchidos com soro fisiológico ou silicone, afirma.

Alguns casos de câncer foram diagnosticados anos após os implantes mamários. Os sintomas de todos os três incluíam inchaço, dor, caroços e/ou alterações na pele, de acordo com a FDA.

Os cientistas já haviam associado um câncer incomum chamado linfoma anaplásico de células grandes (ALCL) – tipo de câncer do sistema imunológico – a implantes texturizados, cujos exteriores ásperos provavelmente causam mais inflamação do que os lisos, fato confirmado há uma década pela FDA. Mesmo assim, os implantes texturizados, fabricados pela Allergan, estiveram no mercado até 2019.

Agora, o novo alerta da agência chama a atenção para outro câncer, chamado carcinoma de células escamosas, e para outros tipos de linfoma que podem ser relacionados aos implantes. De acordo com a FDA, no entanto, são raros, com menos de 20 casos de carcinoma e menos de 30 casos de linfomas inesperados na cápsula – tecido cicatricial que se acumula ao redor do implante mamário – documentados.

Mas dada a história dos implantes e seu uso generalizado, as autoridades federais de saúde dos Estados Unidos sentiram que a preocupação era justificada. Em alguns casos, as mulheres foram diagnosticadas após anos de implantes mamários. Entre os sintomas estavam inchaço, dor, caroços e alterações na pele. “Os profissionais de saúde e as pessoas que têm ou estão considerando implantes mamários devem estar cientes de que casos foram relatados ao FDA e na literatura”, disse a agência, em nota.

“Casos de linfomas distintos do ALCL em mulheres com implantes mamários foram relatados na literatura científica por cerca de uma década”, afirmou Mark Clemens, professor de cirurgia plástica do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, em Houston. Embora sejam extremamente raros e o novo aviso não deva ser motivo de alarme generalizado, o médico pede atenção. “A percepção de que o ALCL estava ligado a implantes mamários já havia nos deixado mais conscientes de que outras coisas poderiam estar acontecendo nessa área”, acrescentou.

O especialista também afirma que há muito tempo se sabe que o tecido cicatricial, como resultante da cirurgia de implante mamário, pode produzir carcinoma de células escamosas. “Mas a natureza dessa relação entre o implante e o câncer ainda não está clara. Uma ferida, que tenta curar por muito tempo, pode evoluir para essas coisas”, disse.

Em um ano típico, cerca de 400.000 mulheres recebem implantes mamários nos Estados Unidos, 300.000 por razões estéticas e 100.000 para reconstrução após mastectomias realizadas para tratar ou prevenir o câncer de mama. Durante o primeiro ano da pandemia, porém, os números caíram substancialmente, de acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.

No ano passado, a FDA colocou os chamados rótulos de caixa preta nos implantes mamários, alertando que eles estavam ligados a uma série de condições médicas crônicas, incluindo doenças autoimunes, dores nas articulações, confusão mental, dores musculares e fadiga crônica, bem como ao linfoma.

Leia o comunicado aqui.