Mais brasileiros estão vindo trabalhar legalmente nos Estados Unidos

Dentre os mais listados estão enfermeiros, médicos, profissionais de TI, administradores de empresas, empresários, gestores financeiros e advogados.

Por Arlaine Castro

Viviane Nascimento, 36, é enfermeira natural de São Paulo e foi contratada para trabalhar no Bethesda Health Group, em Saint Louis, Missouri.

Fixar residência nos Estados Unidos. Cada vez mais brasileiros estão buscando o sonho de morar legalmente, trabalhar e estudar nos Estados Unidos. O Brasil foi o sexto país com mais cidadãos sendo empregados nos EUA em 2021, atrás apenas da Índia, China, México, Coreia do Sul e Filipinas, de acordo com um levantamento do escritório de advocacia AG Immigration, especializado em green cards e vistos de trabalho para os EUA, com dados do Departamento de Trabalho.

Demanda por green cards

É em busca de um cenário de maior estabilidade socioeconômica, e principalmente de melhores salários, que muitos brasileiros embarcam para os EUA, não mais visando trabalhos informais ou subempregos, mas carreiras que exigem especialização e em grandes empresas.

Enfermeiros, médicos, profissionais de tecnologia da informação, administradores de empresas, empresários, gestores financeiros, advogados. De acordo com o Dell´Ome Law Firm, escritório com sede em Nova Iorque especializado em imigração de brasileiros para os Estados Unidos. dos clientes, 24% são administradores de empresas, 21% em tecnologia da informação, 10% advogados, 8% enfermeiros, além de outras profissões.

Mão de obra qualificada

A área da saúde também tem sido uma das mais buscadas ultimamente pelo impacto da pandemia que causou escassez de profissionais. Há uma semana nos EUA, Viviane Nascimento, 36, é enfermeira natural de São Paulo e foi recentemente contratada para trabalhar no Bethesda Health Group, em Saint Louis, no Missouri.

"Acho ótimo vir mais brasileiros porque acredito na qualidade do nosso serviço. Eu estava morando na Arábia Saudita e quis vir. Meu processo de visto levou um ano porque a embaixada tinha atraso na fila de entrevista", relata.

Gerente de contas, Renata Gonçalves da Costa, 48 anos, se mudou de Uberaba (MG) para Milwaukee, no Wisconsin, em 2017. A empresa a transferiu pois precisava de alguém para cuidar da conta do cliente Apple. "Meu visto era B-1 e em 2021 entrei com o pedido de green card e recebi há 2 meses. O processo do primeiro visto foi rápido porque vim transferida. o contrato de trabalho com a empresa do Brasil foi rescindido para que eu fosse contratada aqui.

Sobre mais brasileiros ocupando vagas profissionais e morando legalmente, é ótimo, segundo ela. "Por incrível que pareça temos mão de obra diferenciada de pessoas que trabalham muito bem e muitas vezes muito melhor do que os locais. Acho ótimo".

Na área de administração de empresas, o administrador Anderson Ney Passos da Costa, 48 anos, morava em Belo Horizonte (MG) e decidiu se mudar legalmente com a família para os EUA em 2016. Atualmente morando em Summerville, na Carolina do Sul, ele acredita que um dos motivos que o fez mudar foi a segurança, a qualidade de vida e condição de proporcionar um futuro melhor para os filhos. "Fiz minha legalização já morando aqui. O visto F1 durou 3 anos e o Eb2, 2 anos e meio", destaca.

E, claro, ainda há pessoas que trabalham em cargos que não exigem formação. O setor que mais contratou brasileiros foi o alimentício, com 129 vagas preenchidas em 2021, sem necessidade de experiência prévia.

Trabalhando como Au pair em Moncks Corner, na Carolina do Sul, a paulista Maria Fernanda Souza, 21 anos, de Tanabi, São Paulo, foca no caminho profissional. Ela veio com o objetivo de melhorar o inglês e ter mais oportunidades no futuro, e acredita que, pela experiência nos EUA, quando voltar para o Brasil, muitas portas irão se abrir na área profissional. "Eu acho algo muito bom, pois todos merecem essa oportunidade de morar fora, aprender uma nova língua e viver uma cultura nova", ressalta.

Pilotos em alta

Comparado ao ano de 2021, cresceu em 200% a busca de pilotos brasileiros por trabalho nos Estados Unidos em 2022 no Dell´Ome Law Firm. 

Segundo a advogada brasileira Liz Dell'Ome, fundadora do grupo, pilotos estão em 4º lugar entre os profissionais que mais procuram o escritório em busca de assistência jurídica para obtenção de vistos de trabalho. "Aposentadoria e a retomada do turismo de lazer pós pandemia têm sido altamente impactantes no setor. A demanda simplesmente não consegue ser atendida e há a possibilidade de o piloto solicitar visto já com contrato de trabalho ou, neste caso, um passo antes, já que sua habilidade profissional trará grande benefício aos EUA", explica a advogada.

O número engloba o primeiro semestre deste ano, comparado a todo 2021, e deve ganhar ainda mais altitude. Isso porque os EUA precisarão de cerca de 145 mil novos pilotos ao longo da próxima década, de acordo com o Escritório de Estatísticas do Trabalho americano - Bureau of Labor Statistics (BLS), segundo o escritório.

"A aposentadoria é, inclusive, um dos principais fatores para a previsão da próxima década - só na American Airlines, maior cia aérea americana, 5 mil deles se aposentarão nos próximos 7 anos. Resultado: o Brasil, país que forma pilotos qualificados, deverá 'exportar' parte deles nos próximos anos por meio de vistos como o EB-2 NIW, modalidade pretendida quando pode-se provar a capacidade profissional e ser dispensar de atrelar a solicitação a uma vaga de trabalho já existente. Por isso, é denominado 'National Interest Waiver ', ou 'Força de Interesse Nacional'", explica o escritório.