Furacão Ian expôs a falta de cobertura contra inundações entre proprietários de casas na Flórida

Apenas 18,5% das casas que receberam ordens de evacuação tinham uma apólice de seguro contra inundações.

Por Neise Cordeiro

Muitos moradores que sofreram inundações em suas propriedades não possuíam uma apólice de seguro.

O furacão Ian, além de deixar destruição e inundações em diversas áreas da Flórida, tornou a vida de muitos em um pesadelo ao saberem se possuem ou não uma cobertura de seguro contra enchentes.

Muitos dos moradores do estado que sofreram inundações em suas propriedades não possuíam uma apólice de seguro de inundação separada para cobrir os danos causados por uma tempestade, o que deixou proprietários surpresos e com uma despesa pesada e totalmente fora de seu orçamento.

De acordo com uma análise realizada pela empresa de consultoria em gestão de risco Milliman, apenas 18,5% das casas nos condados da Flórida que receberam ordens de evacuação antes da chegada do furacão Ian tinham uma apólice de seguro contra inundações com o National Flood Insurance Program, programa do governo federal administrado pela FEMA. Mesmo em zonas designadas com risco de inundação nesses condados, menos da metade das casas tinham cobertura.

Apesar do aumento da ocorrência de eventos que resultam em inundação, como furacões, uma porcentagem decrescente de pessoas em todo o país possuem apólices de seguro contra inundações. O número de apólices mantidas pelo Programa Nacional de Seguro contra Enchentes diminuiu em quase 700 mil desde 2008, segundo dados adquiridos da agência federal.

Analistas apontam os diversos fatores que influenciaram a queda dos segurados, como o impacto econômico da pandemia, o mercado imobiliário, a acessibilidade ou a compra de seguro contra inundações no mercado privado.

Com as mudanças climáticas tornando tempestades mais perigosas e aumentando o risco de inundações, as comunidades costeiras estão começando a sofrer as consequências de construir em áreas mais vulneráveis a inundações.

Isso se tornou um desafio crescente para a FEMA, pois espera-se que mais pessoas nessas áreas se inscrevam no seguro, especialmente aquelas em áreas vulneráveis. As diretrizes da FEMA chegaram ao ponto de recusar ajuda àqueles que receberam fundos da agência federal para inundações no passado, se não tivessem recebido cobertura de seguro contra inundações nesse meio tempo.

Uma questão importante é que muitos proprietários assumem que sua apólice de seguro sobre propriedade cobre inundações, o que não é verdade. A lei da Flórida exige que as seguradoras informem seus clientes sobre a lacuna de cobertura, para surpresa de muitos dos moradores no estado. Cada apólice emitida ou renovada deve explicar que não está incluída cobertura contra inundação, mesmo que os ventos do furacão e a chuva tenham causado alagamentos.

O alto custo de uma cobertura também continua a ser uma razão que muitos renunciam ao seguro. O custo médio do seguro do Programa Nacional de Seguro contra Inundações é de US$ 995 por ano, e o número pode variar dependendo da localização e do risco de inundação, com um custo adicional, tornando-se ainda mais caro.
Nos últimos anos, legisladores estaduais aprovaram pequenas mudanças nas leis de seguro do estado, a maioria focada em conter litígios e permitir que as empresas acessem um novo fundo de resseguro criado pelo estado.

Analistas esperam saber se as mudanças farão alguma diferença após a passagem de Ian. Enquanto isso, as autoridades federais apontam a importância em adquirir cobertura contra inundações para que residentes protejam sua família e patrimônio.

Quanto aos que já possuem cobertura, eles se preparam para enfrentar seu próprio pesadelo ao discutir com suas operadoras de seguro se os danos causados foram pelas águas da enchente ou pelo vento do furacão.

Fonte: CNN, Tampa Bay e NBC News.

 NEISE CORDEIRO
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