90% dos condados dos EUA foram atingidos por desastres na última década

Por Arlaine Castro

Califórnia, Mississippi, Oklahoma, Iowa e Tennessee tiveram o maior número de desastres, pelo menos 20 cada, incluindo fortes tempestades, incêndios florestais, inundações e deslizamentos de terra.

Cerca de 90% dos condados dos Estados Unidos sofreram um desastre climático entre 2011 e 2021, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira, 16.

Alguns sofreram até 12 desastres declarados pelo governo federal durante esses 11 anos. Mais de 300 milhões de pessoas – 93% da população do país – vivem nesses condados.

A Rebuild by Design, que publicou o relatório, é uma organização sem fins lucrativos que pesquisa maneiras de se preparar e se adaptar às mudanças climáticas. Foi iniciado pelo Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano após o furacão Sandy, a tempestade catastrófica que atingiu o leste dos EUA. há pouco mais de dez anos, causando prejuízos de US$ 62,5 bilhões.

Os pesquisadores tiveram acesso aos dados de empreiteiros que trabalham em estreita colaboração com a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, permitindo-lhes analisar desastres e pagamentos até o nível do condado. O relatório inclui cerca de 250 mapas. Eles também analisaram quem é mais vulnerável e compararam quanto tempo as pessoas em diferentes lugares ficam sem energia após condições meteorológicas extremas.

Califórnia, Mississippi, Oklahoma, Iowa e Tennessee tiveram o maior número de desastres, pelo menos 20 cada, incluindo fortes tempestades, incêndios florestais, inundações e deslizamentos de terra. Mas estados totalmente diferentes – Louisiana, Nova York, Nova Jersey, Dakota do Norte e Vermont – receberam o maior financiamento para desastres por pessoa durante o período de 11 anos.

US$ 1 trilhão em 10 anos

Os custos anuais dos desastres dispararam para mais de US$ 100 bilhões em 2020. Os Centros Nacionais de Informações Ambientais contabilizaram mais de US$ 150 bilhões para 2021.

O governo federal forneceu aos condados um total de US$ 91 bilhões para se recuperar após eventos extremos ao longo de 11 anos, descobriram os pesquisadores. Isso inclui apenas gastos de dois programas administrados pela FEMA e HUD, não assistência individual ou pagamentos de seguros da agência. Também não inclui a ajuda de outras agências, como a Administração de Pequenas Empresas ou o Corpo de Engenheiros do Exército.

Se todos esses programas federais de socorro fossem incluídos, o total seria muito maior, disse Amy Chester, diretora administrativa da Rebuild by Design e coautora do relatório. Os Centros Nacionais de Informações Ambientais estimam que cerca de US$ 1 trilhão foi gasto em eventos meteorológicos e climáticos entre 2011 e 2021.

O relatório recomenda que o governo federal mude para a prevenção de desastres, em vez de esperar que os eventos aconteçam. Ele cita o Instituto Nacional de Ciências da Construção, que afirma que cada dólar investido na mitigação de desastres naturais por meio da construção de diques ou de queimadas prescritas economiza US$ 6 para o país.

“A principal conclusão para nós é que nosso governo continua a investir em lugares que já sofreram, em vez de investir nas áreas com maior vulnerabilidade social e física”, disse Chester. Fonte: Associated Press.