Trump diz que direito ao aborto deve ser decidido pelos estados e não por lei federal

Por Arlaine Castro

Durante seu discurso de quase uma hora na Conferência de Liderança Hispânica do America First Policy Institute, Trump criticou as políticas de imigração e a inflação do presidente Joe Biden, enfatizando seu apoio entre os latinos.

O ex-presidente e candidato republicano novamente à presidência Donald Trump disse nesta segunda-feira, 8, que o direito ao aborto deveria ser deixado para os estados, oferecendo sua posição mais clara sobre uma das questões mais delicadas e controversas da política americana.

"Minha opinião é que agora que temos o aborto onde todos queriam do ponto de vista legal, os estados irão determiná-lo por voto ou legislação ou talvez as duas coisas. O que decidirem deve ser a lei do país, neste caso, a lei do estado", disse Trump, em um vídeo publicado na sua rede social indicando que não deve tentar impor uma proibição federal à prática, caso seja eleito.

“Muitos estados serão diferentes”, continuou Trump. “Muitos terão um número de semanas diferente, ou uns terão mais conservadores que outros, e assim serão. No final das contas, tudo se resume à vontade do povo", completou.

Desde que a Suprema Corte dos EUA, de maioria conservadora, mudou seu entendimento sobre o aborto, concedendo aos estados o poder de proibir a sua prática, o tema tem ganhado relevância nas discussões da sociedade norte-americana. O assunto deve ser um dos protagonistas das próximas eleições presidenciais, em novembro.

Trump disse aos repórteres na semana passada que faria uma “declaração” sobre o aborto quando pressionado sobre a proibição do aborto de seis semanas na Flórida, que deve se tornar lei após uma recente decisão da Suprema Corte estadual.

O ex-presidente já havia sugerido que poderia apoiar uma proibição federal de 15 semanas, com exceções em casos de incesto, estupro e quando a vida da mãe estiver em perigo. No entanto, a sua decisão final de levar a questão politicamente aos estados e não apoiar uma proibição nacional foi rapidamente denunciada por uma importante organização de direitos anti-aborto, que disse que a sua posição não ia suficientemente longe.

No vídeo de segunda-feira, Trump disse que era “orgulhosamente a pessoa responsável” pela anulação do caso Roe v. Wade pela Suprema Corte, que, segundo ele, tirou a questão “das mãos federais e a trouxe aos corações, mentes e votos dos pessoas em cada estado.”

Desde o lançamento de sua campanha no final de 2022, Trump tem se esquivado constantemente do tema do aborto.

O Partido Republicano tem se esforçado para articular uma mensagem para conter as consequências políticas da decisão de 2022 que anulou a decisão histórica Roe vs Wade de 1973 da Suprema Corte, que foi possível graças à nomeação de três juízes conservadores para a Suprema Corte por Trump enquanto presidente de 2017 a 2021.