Biden comuta sentenças de prisioneiros no corredor da morte federal

O presidente Joe Biden comutou as sentenças de 37 prisioneiros no corredor da morte federal, informou a Casa Branca nesta segunda-feira (23). A decisão reduz as sentenças de todos, exceto três, dos 40 prisioneiros que estão no corredor da morte federal. Biden afirmou que as comutações são "consistentes com a moratória que minha administração impôs sobre as execuções federais", com exceção de crimes relacionados a terrorismo e assassinatos em massa motivados por ódio.

Os três prisioneiros que permanecem com a sentença de execução são Dzhokhar Tsarnaev, um dos responsáveis pelo atentado à Maratona de Boston; Robert Bowers, condenado pelo tiroteio em massa na sinagoga Tree of Life, um ataque antissemita; e Dylann Roof, que matou nove membros de uma igreja negra em um ataque motivado por racismo na Carolina do Sul.

De acordo com a folha informativa da Casa Branca sobre a decisão, os beneficiários das comutações terão suas sentenças "reclassificadas de execução para prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional”.

"Não se enganem: eu condeno esses assassinos, lamento pelas vítimas de seus atos desprezíveis e sofro pelas famílias que sofreram perdas inimagináveis e irreparáveis", escreveu Biden em um comunicado sobre as comutações.
"Mas, guiado pela minha consciência e pela minha experiência como defensor público, presidente da Comissão Judiciária do Senado, vice-presidente e agora presidente, estou mais convencido do que nunca de que devemos acabar com o uso da pena de morte no nível federal", acrescentou Biden.

A folha informativa da Casa Branca também indicou que a medida é uma tentativa de evitar que o presidente eleito Donald Trump "realize as sentenças de execução que não seriam impostas sob a política e prática atuais".

A decisão ocorre após figuras notáveis e muitos ativistas pedirem que Biden tomasse medidas. O Papa Francisco fez um apelo para que as sentenças dos prisioneiros no corredor da morte nos EUA fossem comutadas, durante seu discurso do Ângelus em outubro, conforme relatado pela fonte de notícias do Vaticano.

"Hoje, sinto-me compelido a pedir a todos vocês que rezem pelos prisioneiros no corredor da morte nos Estados Unidos", disse o Papa na ocasião. "Vamos rezar para que suas sentenças sejam comutadas ou mudadas. Vamos pensar nesses nossos irmãos e irmãs e pedir ao Senhor pela graça de salvá-los da morte."

Os ativistas têm pedido que Biden comute as sentenças de muitos ou todos os prisioneiros no corredor da morte federal por algum tempo. Mais de 130 grupos civis e de direitos humanos escreveram uma carta ao presidente no início de dezembro, solicitando a comutação das sentenças de "todos os indivíduos no corredor da morte federal".

"A única ação irreversível que você pode tomar para impedir que o presidente eleito Trump renove sua 'maratona de execuções', como ele prometeu fazer, é comutar as sentenças de morte daqueles no corredor da morte federal agora. Sua capacidade de mudar o curso da pena de morte nos Estados Unidos será um momento definidor e que construirá seu legado na história americana", dizia a carta.

Este também é um tema de justiça racial. De acordo com o Death Penalty Information Center (Centro de Informações sobre Pena de Morte), 38% dos prisioneiros no corredor da morte federal são negros, comparados a 14% da população total dos EUA, segundo o Pew Research Center. Cerca de 56% dos 40 homens no corredor da morte federal são homens de cor, de acordo com o Death Penalty Information Center.

Fonte: ABC