Governo Trump decide encerrar programa do DHS voltado à prevenção de ataques terroristas

Programa de US$ 18 milhões era focado em impedir atentados de "lobos solitários" e vinha sendo elogiado por especialistas e ex-funcionários da Segurança Interna

Por Lara Barth

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A administração Trump está encerrando um programa do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) voltado à prevenção de atentados terroristas, especialmente os cometidos por agressores solitários. O Targeted Violence and Terrorism Prevention Grant Program, com orçamento de US$ 18 milhões, será eliminado conforme a proposta orçamentária enviada recentemente ao Congresso. Segundo o documento, o programa "não está alinhado com as prioridades do DHS".

A decisão gerou críticas de atuais e ex-integrantes do governo e de especialistas, que consideram a medida perigosa diante do aumento de atentados recentes nos EUA, como o ataque com coquetel molotov em Boulder (Colorado), o assassinato de um casal em Washington, D.C., e o ataque de Ano Novo em Nova Orleans que deixou 14 mortos.

Criado para detectar e interromper a radicalização precoce de indivíduos isolados — como atiradores escolares ou autores de ataques por motivação ideológica — o programa financiava equipes locais de avaliação de ameaças, serviços de saúde mental e ações educativas nas escolas. Em 2024, o DHS recebeu 178 propostas de 47 estados e territórios solicitando quase US$ 100 milhões em recursos, embora apenas US$ 18 milhões estivessem disponíveis.

Bill Braniff, ex-diretor do programa e atual chefe de um laboratório de pesquisa sobre extremismo da American University, afirmou ter “99% de certeza” de que o projeto ajudou a evitar diversos atentados. Um exemplo citado foi o caso de um aluno da Palm Beach State College, na Flórida, preso após ameaçar cometer um massacre, graças a uma denúncia anônima estimulada por uma campanha educativa.

A medida também foi criticada por John Cohen, ex-funcionário sênior do DHS nas administrações Obama e Biden. Segundo ele, encerrar esse tipo de prevenção num momento de aumento de violência é uma atitude "míope" e perigosa.

O DHS e a Casa Branca não comentaram a decisão. A polêmica aumentou após a revelação de que o atual responsável pelo programa é um ex-funcionário de campanha de Trump, de apenas 22 anos, sem experiência na área.

Fonte: NBC