Trump e Netanyahu se reúnem na Flórida em momento decisivo para o cessar-fogo em Gaza
Encontro busca retomar impulso do acordo mediado pelos EUA, enquanto aumenta a pressão sobre o futuro político e humanitário do território
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve se reunir na segunda-feira com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na residência de Mar-a-Lago, na Flórida. O objetivo é dar novo fôlego ao cessar-fogo entre Israel e Hamas — iniciativa apoiada por Washington, mas que avança de forma lenta e enfrenta desconfianças de todos os lados.
Embora a trégua tenha, em geral, se mantido, ambos os lados trocam acusações de violações, e surgem divergências entre EUA, Israel e países árabes sobre os próximos passos. A primeira fase do acordo começou em outubro, pouco depois do aniversário de dois anos do ataque inicial do Hamas a Israel, que deixou cerca de 1.200 mortos. Dos 251 sequestrados, todos menos um já foram libertados — vivos ou mortos.
Agora, inicia-se a parte mais complexa. O plano de 20 pontos de Trump, aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, prevê o fim do controle do Hamas sobre Gaza e estabelece um roteiro político para o território.
Especialistas apontam, porém, que Netanyahu resiste a vários pontos dessa segunda fase. A analista Mona Yacoubian, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, avalia que será “um grande desafio” para Trump convencer o premiê israelense a aceitar concessões.
Entre os temas do encontro também devem estar o Irã — cuja capacidade nuclear Trump insiste ter sido “completamente destruída” após ataques dos EUA — e a coordenação com países mediadores como Egito, Catar e Turquia.
Segunda fase: reconstrução e força internacional
Se avançar, a próxima etapa prevê a reconstrução de uma Gaza desmilitarizada sob supervisão internacional de um órgão chamado Conselho da Paz, presidido por Trump. Os palestinos formariam um comitê técnico, sem caráter partidário, para gerir tarefas do dia a dia, sob supervisão desse conselho.
O plano também inclui a normalização das relações entre Israel e o mundo árabe e um possível caminho para a independência palestina. Para isso, seriam necessárias medidas delicadas, como desarmar o Hamas, criar uma Força Internacional de Estabilização e iniciar a reconstrução de bairros devastados.
O Conselho da Paz operaria com mandato renovável de dois anos da ONU e seria responsável por coordenar investimentos e projetos. A lista de integrantes ainda não foi divulgada.
Obstáculos e incertezas
Apesar das negociações, vários pontos seguem indefinidos. Israel continua realizando ataques e demora a aprovar nomes indicados para o comitê palestino. Já a força internacional, vista pelos EUA e Israel como peça-chave de segurança, ainda não saiu do papel. Países convidados temem que o grupo seja percebido como força de ocupação.
Enquanto isso, crescem as pressões sobre como reconstruir Gaza. Países árabes defendem um acordo político e novos recuos israelenses antes de erguer moradias temporárias. Os EUA discutem projetos provisórios no sul do território, com possível financiamento dos Emirados Árabes Unidos — ainda sem confirmação oficial.
Com tantas incógnitas, o encontro na Flórida é visto como um teste para medir até onde Trump e Netanyahu estão dispostos a ceder — e se o cessar-fogo conseguirá evoluir para uma paz mais duradoura.
Fonte: NBC