Hospitais da Flórida lutam para evitar colapso

Sistemas lidam com aumento de internações e falta de remdesivir

Por Arlaine Castro

Pelo menos 54 hospitais atingiram a capacidade de internação em UTI, segundo a Agência Estadual de Administração de Cuidados de Saúde.

Quase cinco meses do combate à pandemia da COVID-19, os maiores sistemas hospitalares da Flórida lutam para evitar colapso após novo aumento de casos e internações pela Covid-19. Pelo menos 54 hospitais atingiram a capacidade de internação em UTI, segundo a Agência Estadual de Administração de Cuidados de Saúde, e condados lutam para diminuir o tempo que os pacientes passam no hospital.

De acordo com um painel on-line que mostra as hospitalizações atuais pela COVID-19 em todo o estado, da agência, a capacidade de leitos de UTI adulto até a quarta-feira, 22, é de 10,46% em Broward, 11,46% em Miami-Dade, 24,12% em Palm Beach, e 18,95% em Orange.

"Nunca estivemos tão ocupados"

"Estamos trabalhando em Estado de Emergência", contou ao Gazeta News o enfermeiro Leonard M. Vuicsin, 53 anos, que há 9 anos trabalha como enfermeiro no Jackson Memorial Hospital.

"Nunca estivemos tão ocupados! O estado da Flórida enviou 125 enfermeiros pro Jackson Health System durante este período e vários andares do hospital foram adaptados para atender apenas pacientes com Covid-19", relata.

Vuicsin explica a situação de dentro do hospital e a rotina nesse período de pandemia.

"Assim que há a confirmação que o paciente está infectado, uma avaliação é feita para saber qual é a gravidade do caso, e aí ele é transferido para a área de tratamento. Hoje temos 441 pacientes no Jackson Health Systems. No Jackson Main temos mais ou menos 65 pacientes na UTI (fora os pacientes que estão esperando na emergência", destaca.

Segundo o enfermeiro, pacientes não podem receber visitas e durante a internação a comunicação com a família é feita pela internet.

Sobre o aumento de casos e internações nas últimas semanas, para Vuicsin, está relacionado à não efetividade das medidas preventivas. "Não sabemos exatamente o porquê, mas os números subiram (quase 3 vezes) de abril pra cá e isso prova que as medidas preventivas não estão funcionando", finaliza.

O estado começou a divulgar o censo de pacientes internados pela doença no dia 10 de julho. O número de hospitalizados no final da manhã de terça-feira, 21, era de 9.436, abaixo dos 9.452 pacientes 24 horas antes.

Situação dos hospitais

O Baptist Health e o Jackson Health, em Miami-Dade, e o Memorial Healthcare System, em Broward, carregam altas cargas de pacientes há semanas, e todos relataram estar operando perto da capacidade, apesar de terem recebido recentemente novos carregamentos de remdesivir, um dos poucos tratamentos comprovados para reduzir as internações hospitalares, e também aumentado o quadro de profissionais de saúde.

Os sistemas hospitalares sem fins lucrativos da região sul do estado viram o início de um surto, com a Baptist Health tratando 831 pacientes com COVID na terça-feira, 21. O número representa mais de um terço dos cerca de 2.300 hospitalizados com a doença em Miami-Dade e quase o dobro do número de pacientes com COVID sendo tratados no hospital público do condado, o Jackson Health System, que tinha 453 pacientes até a manhã de terça-feira.

Bo Boulenger, diretor de operações da Baptist Health, disse ao Miami Herald que seus hospitais receberam novos envios no início da semana e que o medicamento pode reduzir a permanência dos pacientes em cerca de quatro dias. Ainda assim, o volume de pacientes nos hospitais da rede vem aumentando desde meados de junho e continua nas últimas duas semanas, disse Boulenger. Leia a matéria completa no gazetanews.com.