Brasileira é condenada a 4,5 anos de prisão por advocacia sem licença em Tampa

Por Arlaine Castro

Ela não passou no exame do Florida Bar e usou dados profissionais de outras pessoas.

A brasileira Roberta A. Guedes, 41, condenada por fraude e falsidade ideológica ao se passar por advogada em Tampa, foi sentenciada a quatro anos e meio de prisão, além de outras penas que ela terá que cumprir, segundo documento do tribunal em Tampa. 

O juiz federal James Moody Jr. decretou a sentença no dia 18 deste mês. Além da prisão, Guedes passará mais três anos sob liberdade condicional, terá de pagar restituições às vítimas no valor total de US$ 14.318 e se submeter a tratamento de saúde mental, cujo custo ela terá de arcar em parte.

Ela também não poderá fazer qualquer operação financeira ou compras de alto valor sem a aprovação de autoridade competente.

Guedes se declarou culpada dos crimes em 17 de dezembro de 2019. De início, disse que fazia serviços como tradutora somente, mas depois confessou e declarou seu arrependimento, em juízo, e prometeu nunca mais dizer que era advogada.

Ela começou a ser investigada após uma juíza em Tampa desconfiar que ela não era realmente uma advogada e levou o caso à justiça, que investigou o caso, junto com o serviço de imigração dos EUA.

Entenda o caso

De acordo com os autos, em 2014 Guedes se formou na Stetson University College of Law, mas foi reprovada por duas vezes no Florida Bar exam (exame da Ordem dos Advogados da Flórida). Guedes nunca foi licenciada para exercer a advocacia na Flórida nem em nenhum outro estado.

Mesmo assim, abriu dois escritórios de advocacia em Tampa - Ferguson and McKenzie LLC e Immigration and Litigation Law Office Inc.

Para isso, ela usou dados pessoais de uma colega de faculdade que passou no exame de ordem e de uma amiga, sem o conhecimento delas. Ela também usou dados pessoais das duas amigas e de clientes, incluindo o número do seguro social, para abrir contas bancárias, obter cartões de crédito e conseguir linhas de crédito para cobrir despesas pessoais e dos escritórios.

Ela atendeu vários clientes, apresentando-se como advogada e cobrando taxas por serviços, que iam desde representação em processos de imigração até questões de direito da família. Ela também fez várias aparições pessoais no tribunal federal de imigração em Orlando e nos tribunais do condado de Hillsborough se passando por uma advogada licenciada.

Após o início de uma investigação na Ordem dos Advogados da Flórida sobre sua conduta, Guedes falsificou e apresentou uma declaração de terceiros em uma tentativa de minar e desacreditar essa investigação.

"Durante anos, Guedes se envolveu em um padrão descarado de fraude e engano sobre nossas instituições jurídicas e financeiras", disse o assistente de segurança interna responsável, Hector X. Colon. "Graças ao HSI, aos agentes especiais do USCIS e ao Departamento de Polícia do Largo, ela será responsabilizada por seus crimes."

"As ações ilegais da ré abusaram da confiança depositada nela pelos clientes", disse o diretor distrital de Cidadania e Imigração dos EUA, Michael Borgen. "O USCIS se dedica a identificar e expor esquemas de fraude de imigração, e estamos orgulhosos de ter feito uma parceria com o ICE e o Ministério Público dos EUA para encerrar essa prática ilegal e enganosa." 

Veja a íntegra da condenação aqui.