Brasileiros na FL se dividem entre a expectativa e o receio da vacina

Brasileiros na Flórida divergem sobre a imunização contra a covid-19

Por Arlaine Castro

Laboratórios nos Estados Unidos já estão entrando com pedido de autorização de uso emergencial.

A corrida pela vacina contra a Covid-19 tem gerado forte expectativa na população. Os anúncios das pesquisas e testes das vacinas cada vez provando mais eficácia de imunização trazem a esperança e autoridades começam a programar o início da distribuição. Mas as opiniões se divergem. Há quem deposite toda a confiança e não vê a hora dela ser distribuída à população, assim como tem aqueles que não acreditam numa vacina para o fim da pandemia.

Arquivo pessoal - Priscila Cassiano faz questão de ressaltar que ela

"Acredito na vacina contra a COVID da mesma forma que acredito nas demais vacinas, incluindo da gripe que tomo todos os anos. São empresas responsáveis, éticas que desenvolvem, após anos de estudo e testes que são aplicados. Não vejo razão para não acreditar em algo que só tem a nos fazer bem", afirma a babysitter Priscila Cassiano, que mora em Davenport, e faz questão de ressaltar que ela, o marido e as duas filhas pequenas, de 3 e 7 anos, serão vacinados.

Já a empresária Erika Izzo pensa diferente e disse que nem ela nem o marido irão se vacinar, pelo menos a princípio, por receio dos efeitos colaterais. "Eu acho que tudo está sendo muito rápido, não se sabe ainda os efeitos colaterais, por esse motivo preferimos esperar mais pra ver se tudo vai correr bem ou se os efeitos colaterais serão demasiados", relatou.

Muitos desconfiam também da corrida que há por trás da vacina com interesses econômicos e políticos. Como opina Viviane Guerreiro, que diz não concordar com o modo como vem sendo analisada a distribuição. "Eu não acredito, de verdade, não tenho vontade nenhuma de tomar. Se o próprio vírus em cada pessoa reage de um jeito ( uns ficam mal, uns perdem olfato e paladar, outros não sentem nada) como provar a eficácia? Acho esse lance como no Brasil em SP, porque a China quer tanto que o Brasil seja o primeiro, até antes da própria China tomar a vacina, e essa insistência em querer obrigar de qualquer jeito as pessoas tomarem. Não sei, "EU" não me sinto segura em tomar!!!", diz.

Para o médico brasileiro, Dr. Richard Silva, o processo de imunização deve mesmo começar em dezembro de forma gradual. "Primeiro para profissionais da saúde, em janeiro para idosos e pessoas de alto risco e, de acordo com as informações divulgadas, no mês de março de 2021 será para a população em geral", analisa.

"As companhias farmacêuticas estão entre 90-95% efetivo em todas as três principais. Serão liberadas 80 - 100 milhões de doses. E além das vacinas, terá também mais tratamento de anticorpos que já estamos oferecendo, como por exemplo, em pacientes com sintomas mais simples", afirma.

Eficácia

Esta semana, laboratórios anunciaram que os testes estão dando resultados preliminares positivos e já estão entrando com pedido de autorização de uso emergencial. Os estudos clínicos da vacina na fase 3 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca mostraram eficácia de 90% com a administração de meia dose, numa primeira etapa, e de uma dose completa, na segunda.

Na semana passada, a Pfizer Inc, que desenvolveu sua vacina em parceira com a alemã BioNTech SE, solicitou ao governo dos EUA a primeira autorização de uso emergencial depois de divulgar dados que mostraram uma eficácia de 95% na prevenção da doença em um grande estudo de estágio avançado.

Já a empresa de biotecnologia norte-americana Moderna disse que sua vacina experimental é 94,5% eficaz na prevenção da covid-19, com base em dados provisórios de um teste clínico de estágio avançado.

A CoronaVac, produzida pela empresa chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, também disse que está com estudos avançados. No Brasil, o governo do estado de São Paulo anunciou, com o laboratório, que o estudo clínico da vacina chegou à fase final, ao atingir o número mínimo de 61 voluntários infectados pelo novo coronavírus, necessário para avaliar a eficácia do produto. Os resultados dessa análise devem sair na primeira semana de dezembro, segundo o Executivo estadual.

A vacina Sputnik V da Rússia, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, teve eficácia "acima de 95%" 21 dias após a segunda dose da vacina e 42 dias após a primeira dose. Os dados ainda são preliminares e não foram publicados em revista científica.

 Previsão

Nos Estados Unidos, a FDA, agência que regula a distribuição de medicamentos e alimentos no país, deve se pronunciar sobre a autorização de uso de emergência da Pfizer depois que um comitê de aconselhamento de especialistas se reunir para debater a vacina no dia 10 de dezembro.

No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produzirá as doses da Coronavac no país, prevê a vacinação de 136,5 milhões de pessoas em 2021. Ainda falta a liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a intenção é de que as doses comecem a ser aplicadas até março.

Vacina x Placebo

No geral, os testes da vacina são duplo-cego, ou seja, metade dos voluntários recebem a vacina e a outra metade recebe placebo. Nem os médicos e nem os voluntários sabem qual dose foi aplicada. Quando o número almejado de infectados forem alcançados (geralmente 61), os estudos vão ser abertos e vai ser possível analisar quantos dos que testaram positivo receberam a vacina. E é essa a porcentagem que vai indicar o nível de eficácia do imunizante — acima de 50% ela já se mostra muito eficiente, de acordo com cientistas. Se com 61 casos de Covid-19 não for possível demonstrar a eficácia, é preciso esperar 151 positivos.