Dezembro: a expectativa de viagens de fim de ano e o risco da covid-19

Apesar da pandemia, brasileiros que moram na Flórida se preparam para visitar a família no Brasil

Por Arlaine Castro

A estimativa é de cerca de 130 milhões de pessoas que devem viajar antes do final do ano nos Estados Unidos, de acordo com o aplicativo de viagem Hopper.

Chegou a época de passar as festas de fim de ano com a família. Mas, durante uma pandemia que já matou milhares e está em plena expansão, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estão pedindo que a população evite sair de casa.

"A melhor coisa que os americanos podem fazer nesta temporada de férias é ficar em casa e não viajar", disse o Dr. Henry Walke, gerente de incidentes COVID-19 do CDC, em uma coletiva de imprensa no dia 2 de dezembro. "Os casos estão aumentando. As hospitalizações estão aumentando, as mortes estão aumentando. Precisamos tentar dobrar a curva, parar esse aumento exponencial", completou.

Mesmo quando os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendaram às pessoas que não viajassem para ver familiares e amigos em um esforço para tentar impedir a propagação do COVID-19, dados da Administração de Segurança de Transporte mostraram que 3 milhões de viajantes passaram pelos pontos de controle da TSA no fim de semana do Thanksgiving (feriado de Ação de Graças), o maior número desde 16 de março.

39% de viajantes

De acordo com uma pesquisa do aplicativo de reservas de viagens Hopper, espera-se que 39% dos americanos viajem durante a próxima temporada de férias. Por essa estimativa, cerca de 130 milhões de pessoas estarão pegando a estrada apenas nos Estados Unidos antes do final do ano.

Vai viajar? Faça o teste

Mas, para aqueles que decidem viajar, o CDC recomenda que façam o teste de COVID-19 antes e depois de suas viagens. Segundo a agência, é recomendável fazer um teste de um a três dias antes da viagem e outro de três a cinco dias após a viagem, além de reduzir as atividades não essenciais por sete dias após a viagem. "Aqueles que não fizerem o teste devem reduzir as atividades não essenciais por 10 dias após a viagem", orienta a agência.

O teste não elimina o risco de viagem, disse Walke, mas quando combinado com a redução de atividades não essenciais e outras precauções, pode tornar "a viagem mais segura", disse ele.

É o caso de Gabriela Lara, que teve a covid-19 e fez vários testes para viajar com mais segurança para o Brasil. Com viagem marcada de Fort Lauderdale para Porto Alegre (RS) no dia 15, ela pretende rever os pais que já são idosos e passar o natal e réveillon com a família, mas quase precisou mudar os planos de ir para o Brasil de novo.

Gabriela teve covid-19 no início de novembro, mas só agora, depois de quase 1 mês e vários testes, confirmou que está livre da doença. "Fiquei muito apreensiva porque demorou para o teste dar negativo. Estou fazendo essa viagem muito por causa deles (pais). Tem mais de um ano que não os vejo e eu tive que cancelar em maio minha ida por causa da pandemia. Ainda está tudo muito incerto, é um risco e a gente fica apreensivo, podem pedir quarentena quando eu voltar, não sei, mas preciso ir", relata. E salienta que, caso continuasse testando positivo, cancelaria a viagem.

EUA e Brasil

As recomendações vêm à medida que os casos, hospitalizações e mortes pelo coronavírus continuam aumentando nos Estados Unidos. Os EUA relataram mais de 13,8 milhões de casos e mais de 272.400 mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. Os totais globais: 64,2 milhões de casos e 1,48 milhão de mortes.

No Brasil, terceiro país mais afetado pelo coronavírus, preocupa a taxa alta de transmissão nas últimas semanas. Em termos acumulados, o Brasil vem na terceira posição, com 6,6 milhões de casos, número que só é superado por 9 milhões na Índia e 14 milhões nos EUA. São 178.159 óbitos e o número de pessoas infectadas pelo vírus desde o início da pandemia atingiu 6.674.999.

Internacionalmente, o CDC desaconselha viagens a países com alto número de casos e que não possui requisitos estritos de entrada, como teste negativo ou quarentena, como México e Brasil.

Para quem vai viajar, as principais recomendações são: fazer os testes, manter distância de outras pessoas, lavar as mãos e passar álcool em gel com frequência e usar a máscara.