Brasileira acusa ex-marido de fugir para a Flórida com os filhos

Por Arlaine Castro

Karoline acusa ex-marido de trazer filhos para os EUA sem sua permissão.

A curitibana Karoline Machado luta na Justiça para conseguir recuperar os dois filhos menores de idade, Samuel e Emanuelly, 13 anos e 12 anos respectivamente, trazidos pelo ex-marido para a Flórida em novembro de 2019. 

Segundo ela, o ex-marido, Leonel Quintana, falsificou sua assinatura no documento que o autorizava a deixar o país com os menores. Desde então, ela busca reaver os filhos menores e o caso está sendo investigado como subtração de menores. 

Ao Gazeta News, Karoline, contou que foram casados por 12 anos e se separaram há 9, mantendo a guarda compartilhada dos filhos pequenos. Além deles, menores de idade, Karoline o ex-marido têm outros dois filhos jovens. Foram eles que entraram na casa do pai, após desconfiança da mãe, e não encontraram nenhuma roupa e brinquedo das crianças, em novembro de 2020.

"Ano passado ele entrou na Justiça pedindo para levar meus filhos para Orlando, para fazer um passeio, mas que eu não estava cooperando para assinar os papéis, que já estava com passagem comprada e tudo mais. Fiz uma carta para o juiz dizendo os motivos pelos quais eu estava negando, o principal, era de que o plano dele era ficar lá com meus filhos. Temos um casal de amigos em comum e os dois me contaram sobre a pretensão dele. O juiz não deu essa autorização, negou que ele viajasse sem que eu autorizasse a viagem", descreveu a mãe.

Atualmente, o ex-marido estaria morando com os filhos em Pompano, sul da Flórida, segundo informações de conhecidos, mas tinha dado à justiça um endereço de Orlando, logo no início do processo.

Entenda o caso

Karoline mora em um condomínio em Curitiba e a última vez que viu os filhos pequenos foi na última sexta-feira de novembro de 2020.

"Eles iriam passar o fim de semana lá, como era normal, passaram o dia jogando futebol, marcaram um campeonato com as crianças para a próxima semana, tudo normal. Mandei mensagem na segunda e ninguém respondeu, mandei na terça e nada. Desconfiei e pedi que meus filhos mais velhos fossem até a casa do pai, eles têm a chave de lá, assim como têm a da minha casa. Chegando lá, não tinha roupa nenhuma, não tinha brinquedo, computador, jogos, nada. Ali caiu minha ficha de que ele tinha conseguido sair do país com os meus filhos", relembrou em entrevista ao portal catve.

A partir daí, a mãe iniciou uma batalha em busca de informações e respaldo jurídico entre delegacias, Polícia Federal e Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride). "Ouvi que ele estaria em uma praia, em algum lugar, mas dentro do Brasil porque ele não tinha autorização minha e tudo mais. Ouvi que ele já voltava e tudo mais. Mas, eu tive a confirmação de que ele estava nos Estados Unidos, só não sabia como. Lá na Polícia Federal, a delegada entrou no sistema e confirmou que eles tinham embarcado, sim", detalhou.

Com o Boletim de Ocorrência (BO) em mãos, Karoline conseguiu preencher um pedido de informações e recebeu, dias depois, a documentação (escaneada) apresentada pelo pai para embarque das crianças. "Ele falsificou minha assinatura. É uma falsificação tão grotesca que não entendo como tenha passado isso por um embarque internacional, por agentes da Polícia Federal. Eu não entendo como que o Brasil conseguiu falhar nisso. Houve falha, houve negligência, não quero achar culpados, só quero meus filhos, de novo", lamentou a mãe.

Embora tenham a guarda compartilhada dos filhos menores, os pais - em qualquer viagem internacional - devem estar de acordo. O documento de autorização dos genitores precisa ter firma reconhecida em cartório. Karoline afirma não ter assinado nenhum documento de autorização.

No entanto, segundo a Polícia Federal, o pai e as crianças saíram do país pelo Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). A mãe confirmou à Banda B que a última informação oficial sobre os trâmites estavam sendo realizadas por meio da Autoridade Central Administrativa Federal (ACAF) - o órgão no Brasil responsável pela adoção de providências em caso de sequestro internacional de crianças.

Processo nos EUA e no Brasil 

Após acionar a justiça americana por subtração de menores através da Convenção de Haia, o advogado da mãe, Vinícius Cechinel, disse que o caso está sendo investigado  por um advogado americano de forma voluntária. 

Segundo Karoline, a princípio, o visto retirado pelo pai e pelas crianças foi de turismo, com estadia legal de seis meses. Após quase um ano, a mãe acredita que eles estejam com a permanência ilegal nos Estados Unidos. "Não faço ideia de como esse visto aconteceu", disse. 

Karoline reclama da falha no setor de imigração do aeroporto em SP que permitiu a viagem e espera justiça para reaver os filhos.  

Versão do pai

No ano passado, o pai se comunicou com os filhos mais velhos por meio de áudio do aplicativo WhatsApp. Em uma das falas, segundo o portal Terra em agosto de 2020, ele diz que busca o melhor para os filhos e que ficará no exterior com as crianças até que a polícia o encontre e o mande de volta ao Brasil.

"Eu não queria que fosse assim, queria voltar a cada três, seis meses. Mas não teve jeito com a sua mãe. Agora, vou ficar aqui até a polícia pegar, me prender e me mandar embora. Eu volto se tiver alguém garatindo que vai pagar universidade para eles. Aqui eles têm boas escolas, uma vida bem melhor. Lá eu não tinha perspectiva, aqui tenho, disse.

O Gazeta News tenta contato com o acusado para expor melhor sua versão do caso. 

Karoline Machado - Karoline acusa ex-marido de fugir para os EUA com os dois filhos menores.

Karoline Machado - Karoline acusa ex-marido de fugir para os EUA com os dois filhos menores.

Karoline Machado - Karoline acusa ex-marido de fugir para os EUA com os dois filhos menores.

Karoline Machado - Karoline acusa ex-marido de fugir para os EUA com os dois filhos menores.