Agentes do FBI mortos em Sunrise investigavam pornografia infantil

De dentro da residência, o suspeito atirou nos agentes, matando dois e ferindo outros três; FBI investiga o que deu errado durante a operação.

Por Arlaine Castro

Mandado em Sunrise era para posse de material infantil pornográfico.

Daniel Alfin, 36 anos, um dos agentes do FBI mortos na manhã de terça-feira, 2, em Sunrise, era veterano que investigou uma das maiores operações de pornografia infantil do país.

Ele liderou uma investigação em um site chamado Playpen, considerado o maior site de pornografia infantil na dark web. Depois de apreender os servidores do site, os investigadores do FBI o mantiveram em operação por duas semanas, tendo anexado um software para detectar as identidades dos usuários.

Embora essa tenha sido uma decisão polêmica, a investigação resultou em um grande número de prisões. Cerca de 900 pessoas foram presas em todo o mundo e crianças nos Estados Unidos foram resgatadas, segundo o FBI.

A outra agente morta na operação em Sunrise era Laura Schwartzenberger, de 43 anos, residente de Coral Springs , designada para a Iniciativa Nacional de Imagens Inocentes do Miami Field Office, que busca pessoas envolvidas na exploração de crianças e "sextorção".

Dois outros agentes foram hospitalizados com ferimentos a bala e um terceiro foi tratado no local. O atirador também foi morto.

O que deu errado?

Agentes do FBI cumprem mandados de busca quase todos os dias, planejando cada detalhe meticulosamente para evitar derramamento de sangue. Onde os agentes ficarão escondidos? O suspeito está armado? Ele está ciente de que eles estão vindo? É provável que ele se torne violento?

O que ficou claro na terça-feira, em conversas com ex-agentes federais e policiais aposentados, é que qualquer plano do FBI para cumprir o mandado de pornografia infantil em Sunrise deu terrivelmente errado.

A polícia é treinada para estabelecer discretamente um perímetro ao redor da casa de um suspeito em um processo que eles chamam de contenção. Se quiserem prender um suspeito, podem apenas esperar que ele saia para obter o elemento surpresa, ou podem anunciar sua presença e pedir que o suspeito saia.

Se os agentes anunciaram sua presença na porta, não se sabe. O FBI divulgou muito pouco detalhes até o momento. Mas Barry Golden, um ex-marechal dos EUA que agora trabalha como investigador particular, disse ao Sun Sentinel que a polícia geralmente tenta pegar suspeitos de surpresa e usa números superiores para dominá-los.

Porém, com a adoção generalizada de sistemas de segurança doméstica e câmeras de campainha - o tipo que fontes disseram que este atirador empregou para emboscar os agentes do FBI - esse tipo de operação tem ficado cada vez mais difícil porque os suspeitos conseguem perceber e ver antes a aproximação dos agentes.

Cinco dos 48 policiais assassinados no ano passado enquanto estavam em serviço nos Estados Unidos foram mortos enquanto tentavam cumprir mandados, de acordo com o banco de dados do FBI. Apenas as paradas de trânsito - que mataram seis policiais - foram mais mortais para os policiais.