Carnival Cruise Line ameaça deixar Miami

Por Livia Mendes

Carnival Cruise Line disse estar trabalhando em uma "solução de retorno ao serviço" que pode significar a retirada de navios dos EUA.

A Carnival Cruise Line afirmou talvez "não ter escolha" a não ser retirar seus navios dos portos domésticos dos EUA para retomar as operações se os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) não suspenderem a ordem de proibição de embarque em vigor desde o ano passado. A linha de cruzeiros com base no sul da Flórida estendeu na terça-feira sua pausa de todas as operações fora dos portos dos EUA até 30 de junho.

"Sabemos que isso é muito decepcionante para nossos hóspedes, que continuam ansiosos para navegar, e continuamos comprometidos em trabalhar com a administração e o CDC para encontrar uma solução viável que melhor atenda aos interesses da saúde pública", disse a presidente do Carnival, Christine Duffy em um comunicado.

A Carnival disse que os hóspedes com reservas e os consultores de viagens estão sendo notificados diretamente sobre os cancelamentos e as opções para um futuro pacote de crédito de cruzeiro ou um reembolso total. Para oferecer flexibilidade aos passageiros reservados nos itinerários de julho que permanecem na programação, a Carnival está estendendo os prazos de pagamento final de todas as viagens de julho para 31 de maio de 2021, com a possibilidade de cancelamento sem multa.

"Estamos pedindo que a indústria de cruzeiros seja tratada em pé de igualdade com a abordagem que está sendo feita com outros setores de viagens e turismo, bem como com a sociedade dos EUA em geral", disse Duffy. "Embora não tenhamos feito planos para mover os navios da Carnival Cruise Line para fora de nossos portos nos EUA, podemos não ter escolha a não ser fazer isso para retomar nossas operações, que estão em 'pausa' há mais de um ano."

A proibição do CDC

O CDC bloqueou navios de cruzeiro de portos dos EUA com uma ordem de proibição de embarque desde março de 2020, após surtos em vários navios ao redor do mundo.

Na sexta-feira (02), o CDC atualizou sua orientação para dizer que pessoas totalmente vacinadas podem viajar dentro dos EUA sem fazer o teste para o coronavírus ou entrar em quarentena depois. Também divulgou mais detalhes técnicos em torno de seu plano condicional para permitir navios de cruzeiro nos portos dos EUA, mas não disse quando as linhas de cruzeiro poderiam retomar a navegação.

O CDC disse na segunda-feira (05) que "está empenhado em trabalhar com a indústria de cruzeiros e parceiros portuários para retomar o cruzeiro" seguindo uma abordagem em fases. "Realizar viagens em cruzeiros com segurança e responsabilidade durante uma pandemia global é difícil", especialmente com a preocupação com as novas variantes do covid-19, acrescentou a agência.

Ações de outras companhias

Na segunda-feira (05), a Norwegian Cruise Line anunciou que estava buscando permissão para retomar as viagens dos portos dos EUA em 4 de julho, exigindo que os passageiros e membros da tripulação fossem vacinados contra covid-19 pelo menos duas semanas antes da viagem.

A Norwegian Cruise Line disse que suas precauções vão muito além das medidas tomadas por outras empresas da indústria de viagens e lazer que já reabriram, incluindo companhias aéreas, hotéis, restaurantes e eventos esportivos.

A empresa planeja iniciar as viagens nos EUA com 60% da capacidade e aumentar para 80% em agosto e 100% em setembro. A Norwegian também opera a Oceania Cruises e a Regent Seven Seas Cruises.

Impacto na Flórida

Titi Puente, o proprietário do Sedici Cafe no centro de Miami, disse que antes da pandemia, mais de 70% de seus negócios vinham de navios de cruzeiro. “Você tem um local que descarrega os membros da tripulação - eles paravam aqui, iam para Walgreens, Marshalls e Whole Foods", disse Puente, que foi forçado a fechar as portas do café no ano passado. "Eles são o motor econômico do centro da cidade e eles estão há 29 anos desde que cheguei aqui", afirmou.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, no mês passado ameaçou abrir um processo se o CDC não permitisse que os navios de cruzeiro retomassem as operações em breve, alegando que a proibição estava causando prejuízos ao estado e às companhias de cruzeiros.

Fonte: NBC Miami