Indústria de construção fomenta retomada do mercado da Flórida

Projetos de reforma e construção de casas e empresas continuam em alta; empregadores reclamam da falta de mão de obra disponível.

Por Arlaine Castro

O brasileiro Augusto Alagia comanda a The Captain Painter, empresa de pintura, reforma e construção em Fort Lauderdale.

No que diz respeito à recuperação econômica da Flórida, a indústria de construção civil é uma das mais positivas. Em meio à pandemia, projetos de reforma e construção de casas e empresas continuam ajudando a fomentar o retorno do mercado.

Em 2021, é esperado um aumento de 2,7% no volume total do mercado de construção e de 11,8% no setor de construção residencial, segundo análise do portal especializado em construção civil, Cuming Insights.

No estado, o aumento ocorrerá a partir do terceiro trimestre em regiões como a Grande Orlando e Tampa, segundo a análise. Miami também viu um aumento no volume do mercado de construção em 2020 e essa tendência continuará em 2021 com um crescimento de aproximadamente 4,6%, segundo o Cuming Insights. Da mesma forma, até 2020, a construção residencial em Miami teve o maior aumento, de 15,5%, muito superior aos demais setores.

"Vai continuar crescendo"

Proprietário da The Captain Painter em Fort Lauderdale,o brasileiro Augusto Alagia confirma essa melhora, acredita que o pior já passou e está confiante para ampliar sua atuação no mercado, contratando e treinando novos profissionais visando beneficiar a comunidade brasileira na Flórida.

Para o empresário, os setores da construção e 'home improvement' estão super aquecidos, tanto que está com dificuldades em achar mão de obra . "O telefone não para de tocar, as visitas técnicas têm se multiplicado e achar mão de obra suplementar está quase impossível. Na minha opinião, existem diversos fatores para esse aquecimento em 2021, um deles a injeção financeira feito pelo governo dos Estados Unidos na economia através dos programas de estímulo econômico, mas também por uma explosão migratória (interna) de outros estados para a Flórida causado pelo lockdown", analisa.

Segundo Alagia, o setor vai continuar crescendo e aponta a migração interna como fator preponderante. Tanto que a empresa acaba de assinar um contrato de estudo e provável formatação da Franquia The Captain Painter (R) para 2022, visando primeiramente empreendedores no seio da comunidade brasileira.

"Eu acredito piamente que o setor vai continuar crescendo aqui na Flórida. A Flórida será a nova bola da vez (junto com Texas) ao meu ver pois se destacou muito positivamente no gerenciamento da pandemia conseguindo ao mesmo tempo tratar de forma responsável os riscos da doença e também manter um nível razoável de abertura e liberdades individuais. Coisa que ficou muito escasso em alguns estados. Os olhos de boa parte dessa população abastada desses estados estão voltados para nossa linda Flórida. Eu prevejo que não só nos próximos meses, mas também, pelo menos, pelos próximos 5 anos teremos uma economia decolando. Sinto esse efeito com muita clareza pois toda semana eu topo com pessoas vindo "de mala e cuia" da Califórnia e de NY para nossa região, muito de meus amigos corretores estão desesperados pois têm muito mais demanda do que casas em suas mãos nesse momento, por exemplo", acrescenta.

"O mercado inflacionou"

Outra empresa do ramo liderada por brasileiros, a TLC Paixão Handyman, também sente a melhora e destaca a falta de mão de obra. "Estamos precisando de ajudantes, mas está faltando no mercado. Isto porque reduziu drasticamente a chegada de estrangeiros devido à pandemia. O que tem ficou mais caro. Ou seja, o mercado inflacionou", analisa Cecília Weissberg, sócia de Ivan Paixão na empresa.

Ela acredita que o setor vai continuar expandindo, visto que áreas e cidades que não tinham muita procura, hoje estão sendo procuradas para moradia permanente. "As regiões de Tampa, até mesmo Jacksonville, também estão aquecidas", conta Cecília.

Além da construção civil, outros negócios, como restaurantes e hotéis, também estão experimentando um retorno - mesmo que não normal para todos, mas com expectativas crescentes de melhores condições de negócios este ano. O início de uma recuperação econômica sustentada pode começar no segundo semestre de 2021, acreditam os especialistas.