Segunda variante brasileira da COVID-19 é detectada no sul da Flórida

Por Arlaine Castro

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O Departamento de Saúde da Flórida relatou uma nova variante do coronavírus preocupante no estado, uma mutação da variante altamente contagiosa descoberta pela primeira vez no Brasil.

Até agora, dois casos da variante conhecida como P2 surgiram na Flórida, em um homem de 74 anos em Broward County e uma mulher de 51 anos em Duval County. A variante tem uma sequência ligeiramente diferente da cepa P1, que no Brasil reinfectou pessoas que já tiveram COVID-19 em comparação com o vírus original.

Cientistas na Flórida disseram que estão observando atentamente se a P2 permanece e se ela se torna infecciosa. Se se comportar como a cepa que atingiu fortemente o Brasil, pode se espalhar em pessoas mais jovens, que anteriormente tinham casos leves de Covid-19.

“Temos apenas dois casos na Flórida com a mutação extra e o que isso significa ainda está para ser visto”, disse Marco Salemi, do Instituto de Patógenos Emergentes da Universidade da Flórida. “Se daqui a um mês passarmos de dois casos para 500, isso será preocupante.

“Não sabemos se as novas mutações tornarão as variantes atuais mais ou menos agressivas, e é por isso que temos pessoas em todo o mundo monitorando-as ativamente”, disse Salemi.

A Flórida tem a maioria dos casos causados por variantes nos Estados Unidos. As autoridades de saúde do estado relataram mais de 10.000 casos de COVID-19 "variantes perigosas" na segunda-feira, mais do que o dobro do total apenas duas semanas antes e uma indicação de que a propagação está se acelerando. Como menos da metade de 1% dos casos são estudados para as mutações, presume-se que as variantes estejam circulando em um volume muito maior.

“É difícil encontrar uma explicação para o motivo pelo qual a Flórida é o estado líder em variantes”, disse o Dr. Michael Teng, virologista do USF Health Morsani College of Medicine. Ele acredita que os grandes aeroportos internacionais da Flórida e seu alto volume de visitantes da América Latina e da Europa podem contribuir.

De longe, a variante mais comum na Flórida é a B.1.1.7 - a cepa detectada pela primeira vez no Reino Unido - relatada em 9.050 casos em todo o estado. A segunda cepa mais comum é a P1 do Brasil, que mais que dobrou para 464 casos em relação a 155 duas semanas atrás. O surto no Brasil tem sido preocupante porque afeta cada vez mais os jovens.

Os cientistas dizem que a chegada da variante P2 à Flórida não é surpreendente. “As próprias variantes continuam acumulando mutações”, disse Salemi. “Essa mutação pode agir de maneira diferente e talvez não.”

Na Flórida, as variantes causaram a morte de 62 pessoas - o dobro do número relatado há duas semanas - e a hospitalização de 222 residentes.

Especialistas dizem que mais pesquisas são necessárias sobre até que ponto as diferentes vacinas são eficazes contra as variantes. No Brasil, as vacinas CoronaVac, desenvolvidas na China, bem como as vacinas Pfizer e AstraZeneca têm demonstrado alguma eficácia. A Moderna disse na quarta-feira que desenvolveu

uma injeção de reforço para a vacina Covid-19 que gerou uma resposta imune promissora contra as variantes identificadas pela primeira vez na África do Sul e no Brasil.

Cerca de 9 milhões de pessoas na Flórida foram vacinadas com pelo menos uma dose, o que representa cerca de 40% da população do estado.

Os pesquisadores da Flórida dizem que não sabem se algum caso variante foi relatado em pessoas que foram vacinadas. “O estado não está divulgando esses dados”, disse Salemi. Com informações do Sun Sentinel.