"Um milagre, não vejo de outra forma", conta brasileiro que escapou do desabamento de prédio em Surfside (FL)

Por Arlaine Castro

O empresário Erick de Moura escapou por pouco da tragédia no condomínio Champlain Towers South, em Surfside, norte de Miami Beach, na última quinta-feira, 24.

"Estou em choque, mas é um milagre eu estar vivo para contar isso hoje, não vejo de outra forma", conta o empresário Erick Moura, que era para estar no apartamento que desabou do condomínio Champlain Towers South, em Surfside, norte de Miami Beach, na última quinta-feira, 24.

Em entrevista exclusiva ao Gazeta News, o empresário, natural de Brasília (DF), relembra a rotina que, por milagre, como diz, foi alterada naquela noite. Segundo ele, havia passado a tarde toda no apartamento 1004 onde morava há quase três anos, saiu à noite para a casa da namorada que fica a 5 minutos do condomínio e voltaria para dormir, o que não aconteceu e o salvou.

Barulho de obra

"Passei a tarde no apartamento. Fiz uma feijoada porque combinamos de encontrar uns amigos na casa da minha namorada à noite. Saí por volta de 6:15pm passando normal pela garagem. Durante todo o dia escutei barulho de construção ou reforma porque estavam mexendo no telhado. Isso foi comunicado aos moradores umas semanas antes e sabíamos da obra", conta. Segundo Moura, apesar do barulho, estava tudo tranquilo, dentro da normalidade.

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"Não acredito em outra coisa senão em milagre"

"Não quero passar discurso religioso, mas o que aconteceu naquela noite não acredito em outra coisa a não ser o poder de Deus sobre minha vida. Ele dizendo que tem algo a mais para mim. Ele agiu através da minha namorada", analisa o empresário.

O plano era voltar para casa para dormir e ir à academia logo cedo, conta Moura, mas acabou ficando. "Sou muito metódico com algumas coisas, com minha rotina, e nesse dia o jantar com amigos acabou, nos despedimos, eles foram embora e eu também me levantei para ir. Era o costume, mas algo me fez ficar. Eu estava até um pouco contrariado porque minhas roupas da academia não estavam aqui. Então, eu teria que acordar um pouco mais cedo, passar em casa para trocar de roupa e etc. E eu estava molhado porque havia entrado no canal de roupa e tudo horas antes. Mas então minha namorada perguntou se eu iria mesmo embora e naquele momento eu fiquei sem reação. Os filhos dela tinham ido dormir na casa de amigos e isso não acontece num dia de semana, por exemplo. Tava tudo fora da rotina e acabei ficando", detalha.

Ligações do condomínio

Por volta de 5h30, ele acordou e viu várias ligações e mensagens de amigos e até de uma funcionária do condomínio perguntando se ele estava em casa e se estava bem.

"Ela ligou por volta de 3h30 da manhã. Foi quando soube o que havia acontecido e imediatamente fui até lá. Uma coisa fora do normal, um choque. Tudo no chão, já estavam polícia, corpos de bombeiros e a área toda cercada".

Ele acredita que o número de vítimas seja muito maior pela gravidade do desabamento. "Os 35 residentes que conseguiram resgatar não estavam na parte que caiu. O número de vítimas é muito maior do que estão falando.

Futuro dos moradores

"Às cegas, é como estamos. Não sabemos ainda como vamos ficar, como isso será resolvido. Não recebemos explicação, pedido de desculpas ou qualquer outra informação dos responsáveis até agora. Somente sobre o número de telefone para procurar por algum ente desaparecido. Recebemos ajuda concreta mesmo da Red Cross até agora", salienta.

Os residentes dos apartamentos estão alocados em hoteis da região pela Cruz Vermelha. Segundo Moura, eles vão receber ajuda financeira para roupas e alimentos pela entidade também. "Uma tragédia dessa proporção ninguém espera. Está todo mundo em choque e tentando processar ainda o que houve. Nossas coisas de trabalho, da vida, estavam lá", finaliza.

Tragédia sem precedentes 

Mais de 48 horas após o colapso, as equipes de busca e resgate continuam retirando e buscando por sobreviventes nos escombros das Torres Champlain South.

Em coletiva neste sábado, 26, a prefeita de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, não houve nenhuma atualização da equipe de resgate sobre o número de desaparecidos ou mortos; as autoridades confirmaram que quatro pessoas morreram, 127 foram contabilizadas e 159 estão desaparecidos; números que não mudaram desde sexta-feira.

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