Famílias entram com ações judiciais após desabamento em Surfside (FL)

A busca para descobrir por que o prédio de condomínio no sul da Flórida desabou já foi transferido para o sistema legal, mesmo antes de as equipes de resgate terminarem de procurar as vítimas e possíveis sobreviventes.

O processo de busca de respostas sobre por que isso aconteceu e quem é a culpa já está em andamento no sistema jurídico da Flórida.

As autoridades abriram investigações criminais e civis sobre o colapso da Champlain Towers South, que matou pelo menos 32 pessoas e deixou mais de 110 desaparecidos. Pelo menos cinco ações judiciais foram movidas por famílias da Champlain Towers.

“O mundo inteiro quer saber o que aconteceu aqui”, disse a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, em entrevista coletiva nesta terça-feira, 6. Todos, disse ela, querem saber “o que poderia ter sido evitado e como podemos garantir que isso nunca aconteça novamente. ”

A procuradora do Estado de Miami-Dade, Katherine Fernandez Rundle, prometeu levar o assunto a um grande júri, que reunirá evidências e ouvirá depoimentos, e poderá recomendar acusações criminais ou reformas necessárias.

Preocupações generalizadas

Um advogado envolvido no litígio disse à Associated Press que o colapso levanta preocupações generalizadas sobre questões de infraestrutura e a confiança depositada nos responsáveis por elas.

“Nós merecemos poder entrar nos prédios sem nos preocupar se eles vão desmoronar ao nosso redor e saber que nossos entes queridos podem ir para a cama à noite sem se preocupar se eles vão despencar 12 andares abaixo dormindo ”, disse Jeffrey Goodman, cuja empresa com sede na Filadélfia entrou com uma ação em nome dos filhos do morador desaparecido Harold Rosenberg.

De quem é a culpa? 

Os processos iniciados até agora acusam a Champlain Towers South Condominium Association e, em alguns  casos, um arquiteto e engenheiro local, de negligência por não resolver problemas estruturais graves observados já em 2018. Um inspetor de construção da cidade de Surfside também fez parte do discussões, e a firma de Goodman avisou sobre os planos de adicionar a cidade como réu.

“O papel dos proprietários de edifícios, arquitetos, engenheiros, inspetores e profissionais de segurança é garantir que os edifícios sejam seguros para seus ocupantes”, disse Goodman.
Em audiência na sexta-feira, um juiz nomeou um administrador judicial para representar os interesses da associação do condomínio, devido ao trauma vivido pelos conselheiros, um dos quais continua desaparecido.

O conselho tem cerca de US $ 48 milhões em cobertura de seguro, enquanto o terreno à beira-mar está avaliado em US $ 30 milhões a US $ 50 milhões, foi informado ao juiz.

O juiz disse esperar que o litígio possa ser resolvido rapidamente, talvez dentro de um ano. Até então, ele autorizou o administrador judicial, o advogado Michael Goldberg, a fornecer US $ 10.000 a cada um dos residentes para moradia temporária e US $ 2.000 para cobrir despesas de funeral.

Nem os membros da diretoria da associação do condomínio nem seus advogados responderam aos e-mails da Associated Press solicitando comentários.