Bióloga Camila Bozza mostra biodiversidade do Brasil e do mundo em documentário

Conhecida como "Snake Girl", a brasileira mora em Orlando, onde trabalha com remoção de cobras e outros répteis.

Por Arlaine Castro

Camila Bozza (no destaque e atrás, de azul) em visita a tribo indígena perto de Manaus (AM).

A bióloga Camila Bozza, conhecida como “Snake Girl”, vai mostrar a biodiversidade do Brasil e do mundo em um documentário. "Será um programa para toda a família com diversos tipos de animais", conta. A primeira parte da gravação já foi feita no Brasil.

Em entrevista especial ao Gazeta News, de volta a Orlando, a bióloga falou com exclusividade sobre as gravações na Amazônia e no Mato Grosso do Sul.

Durante praticamente um mês, ela passeou pelo norte e centro-oeste brasileiro gravando o programa para um dos maiores canais de documentários do mundo que, por enquanto, diz não poder revelar qual e nem como será chamado o programa. "Pode ser o Animal Planet, o Discovery Channel ou o National Geographic. Ainda não posso dizer, mas é um dos maiores canais de documentário de natureza do mundo".

Em junho, ela foi pra Amazônia e Bonito, no Mato Grosso do Sul. "Fiquei uma média de 10 dias nos lugares que gravamos. O programa vai falar sobre tudo relacionado à natureza. Sou a primeira brasileira que vai ter um programa que vai ao ar no mundo todo", destaca.

Com previsão de ser transmitido no final deste ano, o objetivo do programa é levar diversão e conhecimento para a família, um jeito de aprender mais divertido e engraçado, afirma." É um tipo de programa que você pode sentar com as crianças e ver sem se preocupar. E também educação ambiental e preservação", completa.

Vida dos índios

Questionada sobre o que mais a impressionou durante as gravações no Brasil, Camila diz que, sem dúvida, o jeito que os índios vivem. Ela ficou encantada com a aldeia e o jeito simples de viver.

"O que mais me impressionou foram as crianças. Numa tribo que chegamos, um menininho estava com arco e flecha para se defender. As crianças ficaram com medo da minha mochila porque era cor de rosa e nunca tinham visto. E também ficavam passando a mão no meu braço por causa das tatuagens coloridas que nunca tinham visto também", relata.

"A gente fica reclamando sobre comida enquanto os índios dependem da caça e da pesca para sobreviver. É uma outra realidade que faz a gente abrir os olhos para muita coisa. Acho que todo mundo devia ter esse tipo de experiência que eu tive para dar valor ao prato que tá comendo na hora do almoço. Ficar reclamando que vai ter arroz e feijão de novo, que está repetido. Vai ter sim porque olha como é fácil para gente. Agora, olha os índios. Se não caçam e não pescam, não comem. Eles fazem hortas também, plantam de tudo. Fiquei encantada, passei a dar valor a muita coisa", salienta.

Outra coisa que chamou atenção da bióloga foi a realidade de pobreza da população daquelas partes do país. "Eles precisam de ajuda desesperadamente. As crianças precisam ir pra escola, não têm material, não têm absolutamente nada. A cidade de Manaus está largada, muito lixo. E depois de ver o que vi, eu, Camila Bozza, estou pensando em uma maneira de ajudá-los, já que o governo não ajuda", realça.

Biodiversidade mundial

Como bióloga e especialista em animais selvagens, Camila conta que vai gravar também em outras partes do mundo, como na África e Austrália. "Não vai ser só cobra, se preparem para ver todo tipo de bicho de todas as regiões do planeta. Vou fazer de tudo até mergulhar com tubarão, mostrar a migração dos gnus na África, gravar com gorila no Congo, filmar na Nova Zelândia, fazer passeio de caiaque com orca, mostrar o urso polar no Canadá".

Nos EUA, as filmagens serão em Atlanta, onde irá mostrar bastidores do aquário, no deserto do Arizona e no Alasca, onde na programação estão a aurora boreal e a pesca no gelo.

Mulher pode sim

Camila faz questão de pontuar o orgulho de ser mulher e de estar fazendo algo que vai ajudar a acabar com estereótipo de que só homem faz." Sou mulher e fui pro meio da mata, da floresta, dos índios, fiquei coberta de lama, enfim, aventuras até então mais encaradas por homens", destaca.

Há quase 20 anos morando fora do Brasil, Camila é apaixonada por serpentes. Em Orlando, onde mora, trabalha em um serpentário e tem uma empresa de remoção de cobras, outros répteis e mamíferos.
Frequentemente grava vídeos para "educar" a população sobre a importância das cobras. "Tem muita gente que diz que cobra boa é cobra morta, mas não é bem assim que funciona. Se você mata cobras, terá um problema sério com roedores, afeta o ecossistema", finaliza.