Imigrantes denunciam má conduta sexual e racismo em centro de detenção da FL

Por Arlaine Castro

Os grupos de defesa pediram a libertação de todas as mulheres que estão atualmente detidas no Centro de Detenção do Condado de Glades (FL.

Sete imigrantes detidas no Centro de Detenção do Condado de Glades (FL) entraram com um processo federal em que denunciam abuso sexual pelos guardas entre outras denúncias de maus tratos.

Várias organizações apoiam o processo e documentam relatos de sete mulheres envolvendo má conduta sexual de guardas e um psiquiatra no centro, exposição a um spray químico altamente tóxico, negligência médica com risco de vida, violações dos protocolos de segurança COVID-19 e tratamento racista e degradante.

De acordo com o processo aberto no dia 26 de agosto, os guardas homens assistiam mulheres tomando banho ou entravam em áreas de convivência sem avisar com o intuito de vê-las nuas ou seminuas, o que foi enquadrado na denúncia como voyeurismo sexual e viola a Lei de Eliminação de Estupro na Prisão.

A denúncia alega que o psiquiatra assediou sexualmente mulheres imigrantes detidas no estabelecimento.

A reclamação foi apresentada com a assistência da Americans for Immigrant Justice, Immigrant Action Alliance e Freedom for Immigrants. Mais de 20 outros grupos locais e nacionais assinaram a reclamação.

Libertação e fim do acordo com o ICE

Os grupos de defesa pediram a apuração das denúncias e libertação de todas as que estão atualmente detidas na instalação. Pediram também que a Imigração e Fiscalização Alfandegária (ICE) rescinda o seu acordo com o condado. O centro de detenção é administrado pelo Gabinete do Xerife que se recusou a comentar sobre os pedidos para que o ICE rompesse seu relacionamento com a agência de aplicação da lei.

O vice-chefe do Gabinete do Xerife do Condado de Glades, Duane Pottorff, disse que a agência não pode comentar sobre o tratamento dado aos detidos pelo ICE, que transferiu mais de 100 detidos para as instalações nos últimos dois meses, algo que os grupos de defesa também querem ver interrompido em sua totalidade.

A ação também documenta o uso de um spray desinfetante para limpeza que expôs as mulheres a produtos químicos tóxicos, de acordo com um comunicado de imprensa da Freedom For Immigrants. Também afirmou que o centro de detenção violou de forma imprudente os protocolos COVID-19, permitindo que o coronavírus se propagasse entre os detidos.

Algumas das mulheres também detalham insultos e abusos racistas usados pelos guardas. As rés incluem mulheres haitianas, mexicanas e de fé muçulmana. Veja o processo na íntegra aqui.