Bônus de $15 mil: Flórida tem alta demanda por motoristas de caminhão

Milhares de empregos como motoristas de caminhões precisam ser preenchidos no Sunshine State, informou a Florida Trucking Association, e a escassez de motoristas em todo o país está contribuindo para os problemas da cadeia de suprimentos.

Com menos motoristas para fazer as entregas, estados registram falta de produtos ou enfrentam prazos mais longos, o que contribui para o aumento de preços.

Por isso, empresas estão oferecendo bônus de adesão de até US $ 15.000 para atrair candidatos com carteiras de motorista comerciais.

O país tem poucos 80.000 caminhoneiros, de acordo com a American Trucking Associations, um grupo do setor. Essa escassez existe há anos, mas a pandemia a piorou, disse Alix Miller, presidente e CEO da Florida Trucking Association.

Todos os tipos de motoristas têm alta demanda, mas a necessidade é mais aguda em caminhões de longa distância, que são os semi-caminhões que movimentam cargas nas interestaduais, de acordo com grupos do setor. O transporte rodoviário é parte de uma cadeia de abastecimento global extremamente complicada, mas é um elo crítico com mais de 72% do frete nos Estados Unidos transportado por caminhão.

Miller atribuiu a falta de motoristas ao envelhecimento da força de trabalho, uma onda de aposentadorias precoces durante a desaceleração econômica da COVID-19 e um aumento na demanda do consumidor quando as empresas reabriram.

“Estamos sofrendo de um problema de imagem pública, um mal-entendido de como essa carreira é boa”, disse Miller. “Esses motoristas são profissionais. O transporte por caminhão afeta todos os aspectos da nossa economia. Tudo o que você come, toca e veste chega até você de caminhão. Isso afeta a vida diária dos moradores da Flórida. ”

Os motoristas com pouca ou nenhuma experiência podem ganhar entre $ 40.000 a $ 60.000 por ano, enquanto os motoristas experientes podem ganhar mais de $ 100.000, disse ela.

A Florida Trucking Association espera recrutar mais mulheres para preencher a lacuna com os homens que representam 90% dos motoristas. A idade média de um motorista de caminhão é 49, e o grupo está pressionando para mudar a lei federal para permitir que jovens de 18 a 20 anos dirijam caminhões em divisões estaduais. No momento, os jovens só podem dirigir dentro do estado.

Para apoiar a demanda por testes, alguns coletores de impostos e escritórios estaduais estão oferecendo horários estendidos, horas de fim de semana, priorizando consultas de carteira de motorista comercial e agendando exames diretamente com provedores de testes terceirizados, disse Aaron Keller, porta-voz do Departamento de Segurança Rodoviária da Flórida e Veículos motorizados.

Ter seu próprio caminhão

O mineiro Anderson Castro sabe bem essa realidade. Há 14 anos trabalha como motorista de caminhão nos Estados Unidos. Com esposa e três filhos, Castro dirige atualmente para a empresa Fleet Car Lease e passa de 6 a 7 dias longe da família que mora em Jacksonville (FL).

“Rodo pelos estados da Flórida, Texas, Missouri, Tennessee, Georgia e South Caroline. A saudade da família é muita, porém, não tenho escolha, não tenho outra profissão”, pondera. Depois de cada viagem ele tem o período de descanso em casa de cinco dias, mas explica que esse período é porque tem o próprio caminhão e faz frete para a empresa. “Quem é empregado fica menos em casa, em torno de dois dias”, afirma.

Sobre o lado financeiro, Castro disse em entrevista ao Gazeta News há três anos que a média salarial de $50 a $80 mil para ele compensava, por ser o dono do caminhão-cegonha que dirige, “porque tem motorista que roda com caminhão da empresa que ganha em torno de $800 por semana, o que dá pouco mais de $38 mil por ano”, destacou.

Veja a história completa do brasileiro aqui.

Prós e os contras

Todd Spencer, presidente da Owner-Operator Independent Drivers Association, disse que os aspirantes a motoristas devem considerar os prós e os contras.

Segundo Spencer, o país tem muitas pessoas com carteira de motorista comercial, mas uma rotatividade extremamente alta devido às más condições de trabalho está empurrando-os para fora do setor.

“O que acontece é que eles se esgotam muito, muito rapidamente”, disse Spencer, cujo grupo representa 150.000 caminhoneiros em sua maioria autônomos. “A vida profissional, o ambiente, os sacrifícios pessoais são muito maiores do que eles jamais imaginaram. Quaisquer que sejam as projeções de receita que eles possam ter sido informados anteriormente, não se materializam. O dinheiro não é suficiente para compensar os sacrifícios pessoais e as demandas do trabalho. ”

Os motoristas podem passar 70 horas ou mais por semana trabalhando. Eles ficam longe de seus entes queridos por semanas a fio. Até mesmo encontrar um lugar para descansar pode ser um desafio, porque não há vagas de estacionamento noturnas suficientes para grandes plataformas, completou.

Aqueles com mais experiência podem ganhar um bom dinheiro, desde que mantenham seus registros de direção limpos, disse ele. Os salários também estão subindo, com a crise pandêmica de oferta. Uma empresa de transporte rodoviário, Roehl Transport, aumentou os salários duas vezes este ano para se manter competitiva, adicionando cerca de US $ 4.000 a US $ 6.000 aos ganhos anuais dos motoristas. Com informações do Orlando Sentinel.