Aluguel em alta: custo maior com moradia impacta brasileiros que moram na Flórida

Alto fluxo de mudança de pessoas de outros estados e baixo estoque de residências são uns dos fatores para o aumento.

Por Arlaine Castro

A Flórida lidera a nação nas taxas de aluguel, segundo análise da Forbes.

À medida que o custo de vida aumenta nacionalmente, os moradores da Flórida descobrem que nenhum custo está aumentando mais rapidamente do que o aluguel. O estado lidera na alta das taxas de aluguel em comparação com outros estados americanos, segundo a Forbes, e isso vem impactando também a comunidade brasileira.

Os estados que experimentaram os maiores aumentos nas taxas de aluguel incluem Flórida, Nevada, Maryland e Arizona, de acordo com dados da Costar com base no crescimento percentual do YOY em setembro, citado pela publicação.

A Flórida abriga sete das 10 principais cidades com maior crescimento na taxa de aluguel, cita a análise "Estados com os maiores aumentos de aluguel. E como os locatários podem negociar", feita pela Forbes. Punta Gorda, uma cidade da Costa do Golfo no sudoeste da Flórida, liderou as paradas com um aumento médio de 31% no ano passado no aluguel. Sarasota, Tampa, Naples e Palm Beach também estram nessa lista.

O site de aluguel Zumper produziu um National Rent Report e descobriu que Orlando está classificado como o 29º mercado de aluguel mais caro dos Estados Unidos. Em 2020, um apartamento de um quarto em Orange County custava em média US$ 1.200 a US$ 1.400 por mês. Atualmente, com aumento de 22,5% desde então, custa aproximadamente $ 1.470 para um quarto e $ 1.600 para um de dois quartos.

Em uma casa 'single family' em Kissimmee, região de Orlando, a estudante Juliana Braga, 37 anos, conta que 50% da renda vai para o aluguel. "Chegamos esse ano e estamos pagando $2500. Estávamos acompanhando os valores de aluguel e vimos que subiu muito no último ano. Quando decidimos que viríamos pra cá, era o melhor custo-benefício, mas subiu muito", destaca. 

Mudanças e baixo estoque

Realtor brasileira no sul da Flórida, Sandra Mora fez uma análise da situação e apontou ao Gazeta News os fatores para a alta dos valores dos aluguéis. "Com a facilidade do homeoffice, muitas pessoas de outros estados estão se mudando para a Flórida. De agora para frente, eu tenho vários clientes vindos de Boston/NY porque não aguentam mais o frio. Mesmo com o salário aqui mais baixo, as pessoas preferem a Flórida por causa do clima que é tão parecido com o nosso no Brasil", explica.

Mora comenta sobre o mercado aquecido e cita também outros fatores importantes, como impostos de moradia mais altos em cidades como Nova York, San Francisco e Los Angeles, e os estoques de residências em baixa.

"Hoje, se um aluguel está $1400, existem quatro, cinco ou mais ofertas. Então esse aluguel vai receber ofertas de $1400/$1500/$1600. Lógico que o dono vai aceitar a mais alta. Um imóvel hoje não dura no mercado uma semana. Em dois ou três dias o proprietário recebe várias ofertas e decide sempre com valor muito acima do pedido", analisa.

Questionada se há possibilidade de estagnação ou diminuição nos valores, a realtor aponta que a chegada de estrangeiros, por causa da reabertura da fronteira, pode impedir que os valores caiam.

Para ajudar brasileiros a entenderem o mercado imobiliário da Flórida, Mora acaba de lançar o livro: "Tudo sobre o mercado imobiliário na Flórida: Passo a passo para comprar, alugar ou vender seu imóvel no mercado mais aquecido dos EUA".

Outro fator citado para o aumento pela Florida Apartment Association são que os preços de aluguel tendem a acompanhar os preços de compra de casas. Assim, à medida que os preços das casas aumentam, o mesmo ocorre com os aluguéis em qualquer área.

Com o intuito de tornar os valores mais acessíveis, a Florida Apartment Association está pressionando o Legislativo Estadual para permitir que os governos locais ofereçam descontos no imposto sobre a propriedade para unidades habitacionais a preços acessíveis.