Prisão de brasileiro inocente foi erro do Departamento Correcional da Flórida, diz PBSO

Por Arlaine Castro

Mesmo inocente, Leonardo Silva Oliveira (à direita), 26 anos, foi preso.

Uma sucessão de erros que levou à prisão equivocada de um brasileiro inocente no final do mês passado enquanto um outro brasileiro fugitivo com o mesmo nome segue livremente começou com o Departamento Correcional da Flórida, de acordo com um relatório divulgado na quinta-feira, 3, pelo Gabinete do Xerife de Palm Beach.

Mas a polícia do condado de Palm Beach, que originalmente negou qualquer conexão com a prisão de Leonardo Silva Oliveira, 26 anos, sabia que havia sérias dúvidas sobre a identidade dele e mesmo assim emitiu mandado para a polícia de Broward e deixou para a Cadeia Principal de Broward resolver o problema.

Oliveira, o cozinheiro, passou cinco dias na cadeia e foi solto em 25 de janeiro, depois que suas impressões digitais foram finalmente comparadas com as do fugitivo.

Sucessão de erros

De acordo com esse relatório, o Departamento Correcional da Flórida identificou erroneamente o fugitivo no mandado de prisão anexando informações extraídas da carteira de motorista do Oliveira que foi preso — o inocente, detido no Outback Steakhouse em Deerfield Beach, onde trabalha como cozinheiro.

No mandado, ele é acusado de violar liberdade condicional de roubo em uma residência desocupada em Boca Raton - motivo pelo qual o outro brasileiro foi originalmente preso.

Um dos fatos mais importantes citados pelo PBSO foi que o Departamento de Correções da Flórida sabia do potencial de erro porque um oficial de condicional anterior no caso do fugitivo sinalizou a carteira de motorista do cozinheiro e anexou uma anotação: “Não ele”. Mas isso não impediu que a identidade errada chegasse à polícia de Coconut Creek.

No momento de sua prisão, o cozinheiro tinha pelos faciais mais pesados do que o fugitivo, uma data de nascimento 10 dias depois e, fundamentalmente, nenhuma tatuagem. O fugitivo tinha tatuagens em cada braço, de acordo com registros do tribunal.

Segundo a polícia, mesmo assim, a identidade do cozinheiro inocente ficou complicada pelo uso do mandado de sua carteira de motorista, levando a polícia de Coconut Creek a acreditar que eles tinham uma correspondência.

O policial que o prendeu observou a diferença nas datas de nascimento e as tatuagens, de acordo com o relatório da PBSO. Mas, para o oficial, a data de nascimento poderia ter sido um erro de digitação quando da emissão do documento, e as tatuagens “podem ter sido removidas desde que as fotografias foram tiradas”, afirma o relatório.

O policial que o prendeu também relutou em usar um scanner para comparar impressões digitais, chamando o dispositivo de “não confiável”, de acordo com o relatório.

Além da anexação da carteira de habilitação errada ao mandado de prisão, houve outro fato que contribuiu para o equívoco. De acordo com o histórico de prisão do brasileiro criminoso em Boca Raton, ele também era cozinheiro.

Dessa forma, o policial que o prendeu se sentiu “confortável em seguir em frente” com a prisão e imaginou que “isso seria resolvido na prisão”, diz o relatório da PBSO.

A polícia de Coconut Creek, pertencente ao Broward Sheriff Office, não corroborou ou contestou o relatório da PBSO. Na semana passada, a agência assumiu a responsabilidade de fazer a prisão, enquanto algumas perguntas permaneceram sem resposta.

O outro brasileiro continua foragido. Com informações do Sun Sentinel.

O Gazeta News tentou contato com Leonardo, o cozinheiro, mas não houve retorno até o momento desta publicação.