Governo emite orientações contra vacinas COVID-19 para crianças

Crianças de 5 a 17 anos sem problemas preexistentes de saúde podem renunciar às vacinas COVID-19, disse o Departamento de Saúde da Flórida em uma nova orientação divulgada na terça-feira, 8.

O anúncio oficial tinha sido prometido pelo Cirurgião Geral da Flórida Joseph Ladapo em uma mesa redonda na segunda-feira em West Palm Beach com o governador Ron DeSantis.

“É essencial que os profissionais de saúde analisem os dados existentes sobre a vacina COVID-19 junto com os pais ao decidir vacinar as crianças. Com base nos dados atualmente disponíveis, os riscos de administrar a vacinação COVID-19 entre crianças saudáveis podem superar os benefícios. É por isso que essas decisões devem ser tomadas individualmente e nunca obrigatórias”, disse Ladapo em um comunicado à imprensa.

As novas diretrizes do Departamento afirmam que crianças com condições preexistentes são as melhores candidatas à vacina COVID-19 e os pais devem conversar com seu pediatra para determinar se a vacina é necessária.

“Isso depende de um profissional de saúde com base em uma avaliação individual. O risco deve ser determinado caso a caso”, disse o porta-voz do DOH, Jeremy Redfern.

O site do Florida DOH afirma que pessoas imunocomprometidas ou com doença pulmonar crônica, asma moderada a grave, doenças cardíacas graves, obesidade grave, diabetes ou doença hepática são consideradas de alto risco para doença grave por COVID-19. A lista pode ser encontrada em floridahealthcovid19.gov/high-risk-populations.

Para fazer a afirmação, o departamento citou o baixo risco de crianças saudáveis desenvolverem COVID-19 grave e o risco potencial de miocardite como efeito colateral da vacina, entre outros argumentos.

No entanto, a orientação do Departamento de Saúde contraria o amplo consenso de médicos e organizações pediátricas em todo o país, inclusive dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e da Academia Americana de Pediatria da Flórida.

O CDC afirma em seu site que os benefícios da vacinação COVID-19 superam os riscos potenciais, como a miocardite. De dezembro de 2020 a agosto de 2021, houve 1.626 casos suspeitos de miocardite relatados em mais de 190 milhões de pessoas com mais de 12 anos.

Um estudo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças descobriu que cerca de um terço das crianças hospitalizadas com COVID-19 não apresentavam condições subjacentes, como obesidade, que aumentavam o risco de resultados graves da COVID-19. Os grupos de risco do CDC podem ser encontrados em cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/need-extra-precautions/.

O Capítulo da Flórida da Academia Americana de Pediatria, que representa mais de 2.500 pediatras em todo o estado, respondeu aos comentários do Cirurgião Geral da Flórida na segunda-feira, 7, com uma declaração recomendando a vacina COVID-19 para crianças de 5 anos ou mais na Flórida.

“A vacina COVID-19 é nossa melhor esperança para acabar com a pandemia”, disse a presidente da Academia Americana de Pediatria da Flórida, Lisa Gwynn. “Os comentários do Surgeon General hoje deturpam os benefícios da vacina, que comprovadamente previne doenças graves, hospitalizações e sintomas de longo prazo da COVID-19 em crianças e adolescentes, incluindo aqueles que são saudáveis”.