Corpo de mulher desaparecida na FL é encontrado no Alabama; brasileiro é principal suspeito

Por Arlaine Castro

Marcus Spanevelo, 34, é suspeito pela morte de Cassie Carli, 37.

Após dias de buscas, a polícia descobriu na noite de sábado, 2, em uma "cova rasa" no Alabama, o corpo de Cassie Carli, 37 anos, moradora da Flórida que estava desaparecida há quase uma semana. Segundo a família, Marcus Spanevelo, 34, é cidadão brasileiro, ex-namorado da vítima e o principal suspeito.

Entenda o caso

Carli, 37, morava em Navarre, no condado de Santa Rosa, no noroeste da Flórida Panhandle, e foi vista pela última vez em 27 de março, quando encontrou com Spanevelo - pai de Saylor, filha de 4 anos do casal – para pegar a menina com ele. Eles estavam em disputa judicial pela guarda da menor. O encontro aconteceu no estacionamento de um restaurante da cidade de Navarre Beach, Florida, de acordo com o xerife do condado de Santa Rosa, Bob Johnson.

Ela foi dada como desaparecida pela família no dia seguinte. Desde então, as polícias da Flórida, Tennessee e do Alabama iniciaram uma investigação conjunta em busca de evidências relacionadas ao desaparecimento de Carli. O ex-namorado, que estava morando e trabalhando em Birmingham, no Alabama, chegou a ser interrogado no dia 30 de março, quando a polícia o encontrou com a filha, mas disse que não sabia onde ela estava. Ele chegou a se desfazer do celular da ex-mulher para esconder qualquer possível ligação com o desaparecimento.

O corpo de Carli foi encontrado quase uma semana depois, na noite de sábado, 2, em um celeiro, em uma cova rasa, durante a execução de um mandado de busca no Alabama, segundo a polícia. As autoridades não revelaram o que as levaram ao local, mas que a propriedade estava ligada a Spanevelo "de forma indireta".

O carro e a bolsa da vítima foram recuperados dois dias depois do desaparecimento em uma "rampa de barcos" perto do restaurante onde eles se encontraram.

Spanevelo foi preso em Lebanon, Tennessee, na mesma noite da descoberta do corpo. Ele está detido sob a acusação de adulteração de provas, fornecimento de informações falsas sobre uma investigação de pessoas desaparecidas e destruição de provas. Registros judiciais do Alabama mostraram que um mandado de prisão foi emitido para Spanevelo em março depois que ele não compareceu a um tribunal do condado de St. Clair em uma multa de velocidade de 15 de dezembro, de acordo com AL.com.

A polícia acredita que ele agiu sozinho. Ele está aguardando extradição para a Flórida e deve enfrentar acusações adicionais após uma autópsia nos restos mortais de Carli nesta segunda-feira em Huntsville, Alabama.

Relacionamento abusivo

Em 2019, Carli entrou com pedido de separação e custódia da filha. Em agosto de 2021, a irmã de Carli, Raeann, criou um GoFundMe para arrecadar dinheiro para os honorários legais de Carli durante sua batalha judicial. A descrição da arrecadação contém um relato de Carli sobre o suposto abuso que ela sofreu do ex-namorado.

“Igual a muitos relacionamentos que conheço, fui varrida por um engano oculto conhecido como charme. Este homem era um mestre no jogo da manipulação e embora eu pudesse ver todos os sinais de alerta de um abusador, acreditei nas suas desculpas e fiquei presa em sua teia de mentiras narcisistas. Apenas alguns meses no relacionamento, eu descobri que estava grávida. Deixe-me ser clara, eu nunca me arrependi da minha decisão de me tornar mãe. Saylor é verdadeiramente a luz e o amor da minha vida.

Durante minha gravidez, o controle abusivo e a manipulação desse homem aumentaram. Mas tendo lutado com a infertilidade no meu primeiro casamento, eu queria desesperadamente uma família. Então, justifiquei seu comportamento errático enquanto eu pudesse. Pela graça de Deus e de grandes amigos, optei por terminar o relacionamento com ele. Eu sabia que criar minha filha sozinha seria melhor do que a expor a um relacionamento tóxico de vida doméstica.

Quando terminei o relacionamento com ele, e ele não tinha mais controle sobre minha mente, sua teia de mentiras e engano se espalhou como um incêndio. Ele apresentou dezenas de relatórios policiais falsos. Ele ligou para o CPS tantas vezes que eu quase veio a conhecer a maioria dos funcionários pelo nome. O abuso passivo-agressivo foi tão ruim, eu tive que expulsá-lo do meu apartamento em mais de uma ocasião. Em 2019, pedi a guarda exclusiva da minha filha. O tribunal permitiu que ele tivesse visitas bimestrais e condenou-o a pagar pensão alimentícia. Até o momento, ele me deve mais de 10 mil. Há algumas semanas, devido a delinquência de pensão alimentícia, o estado suspendeu sua carteira de motorista.

Poucos dias depois desse aviso, ele ligou para o CPS para relatar mais uma alegação falsa. Ele foi autorizado a pegar minha filha naquele dia para sua visita regular de fim de semana.

Por mais de duas semanas, não tive contato com minha filha ou conhecimento de seu paradeiro. Liguei para todos que eu conhecia. Procurei ajuda da polícia local e de todas as agências governamentais que eu conhecia. Ninguém pode fazer nada. Minha única esperança era um advogado poderoso que não cairia em sua manipulação ou acreditasse nas mentiras dele. Mas grandes advogados são caros. Minha família fez de tudo para conseguirmos os 10 mil que preciso para lutar contra este homem no tribunal”, escreveu na campanha.

Em um vídeo no Facebook, a irmã Raeann Carli diz que “Ela disse que se alguma coisa acontecesse com ela, ela me disse que era ele. Cassie nunca voltou para casa”, disse ela, acrescentando que o pai do filho de Carli é brasileiro.