Do burnout ao sucesso: Patricia Minatti fala sobre a Amazon

 Patricia Minatti possui mais de 20 anos de experiência em marketing e vendas. Trabalhou em diversas multinacionais e teve uma carreira sólida, atuando em diversos cargos de gerência e diretoria até ter um burnout e fazer uma parada obrigatória na sua carreira. A partir desse momento, começou a buscar alternativas para que sua volta para o mercado fosse diferente. Começou uma extensa pesquisa em formas para empreender, quando conheceu sobre vendas na plataforma Amazon.

Quando se mudou com sua família para os Estados Unidos, descobriu que a Amazon que conhecia no Brasil era muito diferente da que existia nos EUA e que muitas pessoas utilizavam a plataforma da Amazon para gerar negócios.

Depois de meses estudando e pesquisando sobre as possibilidades que a Amazon oferece para quem quer empreender, Patrícia finalmente começou a vender produtos com uma marca que criou do zero para vender na plataforma. Isso não somente virou um negócio online, como também começou a ajudar diversos empresários a venderem seus produtos.

Hoje é dona da agência Beonne, uma agência especializada na plataforma da Amazon que presta consultoria e mentoria para quem quer vender seus produtos na plataforma. “A Amazon nos Estados Unidos é muito grande. Tem quase metade das vendas online do mercado americano e é onde quase 70% das pessoas começam uma pesquisa de produtos nos Estados Unidos.” Portanto, a Amazon se tornou também uma vitrine importante para as marcas.

“Devido a essa presença tão forte no mercado americano, a Amazon é hoje a primeira plataforma que permite a entrada e validação no mercado americano de forma mais rápida e barata.” diz Patrícia. “Em uma única plataforma e de forma online, pode-se atingir uma quantidade muito grande de consumidores para validar mais rápido ou ajustar melhor o produto e a marca para uma futura expansão. Além disso, ela é a prova social que precisa ter para acelerar as negociações para a expansão no físico, principalmente na venda em atacado. “

A maioria dos produtos que são vendidos na Amazon não são da Amazon. São de terceiros, pessoas e empresas que utilizam a plataforma para vender online. Quando vende na Amazon, pode também utilizar toda a estrutura de logística que a Amazon tem nos Estados Unidos. Dessa forma, a Amazon fica responsável por armazenar e fazer a entrega das suas vendas.

Veja abaixo algumas das dúvidas mais comuns que as pessoas têm sobre a Amazon e que perguntamos para a Patrícia Minatti nesta entrevista.

Gazeta Labs: Afinal, o que é a Amazon?

Patricia: A Amazon é uma empresa de tecnologia que atua em diversos segmentos, porém é mais conhecida pelo e-commerce. Está presente na vida das pessoas de diversas formas, como por exemplo na leitura com o Amazon Kindle, no entretenimento com Amazon Prime Vídeo, Amazon Music, Twitch, além de outros segmentos como a assistente virtual Alexa e muitos outros.

O poder dessa presença em diversos ambientes na jornada do consumidor, é o poder dos dados. Ela tem dados coletados a todo momento em que o cliente está conectado em algum desses serviços ou produtos, o que faz com que no momento da indicação de produtos para comprar, também consiga ser muito mais assertiva para que você compre mais.

No e-commerce, a Amazon é um marketplace. Isso significa que sua plataforma funciona como um shopping center online. Assim como no shopping center físico, você pode alugar um espaço para ter sua loja, na Amazon você também poderá “alugar” seu espaço, cadastrando seus produtos para que os consumidores da Amazon comprem.

Gazeta Labs: Pode explicar como as pessoas usam a Amazon para ter um negócio online?

Patrícia: Você fará um cadastro de vendedor e dessa forma poderá gerenciar seus produtos. Pode-se começar pela revenda de produtos ou incluindo produtos da sua marca própria.

O modelo de revenda é possível porque a Amazon permite que mais de um seller consiga vender o mesmo produto, caso ele também tenha acesso aquele produto e seja autorizado pela marca. Existem produtos que são vendidos na Amazon que também são vendidos em outras plataformas e lojas físicas com preços melhores. Isso abre oportunidades para vendedores comprarem mais barato em outros locais e revenderem na Amazon para ter lucro. “Isso é possível porque não necessariamente a Amazon é o local com preços mais baixos. Existem lojas onde poderá comprar os produtos com um preço inferior ou aproveitar promoções para revendê-los na Amazon fazendo disso um modelo de negócio.

O private label na Amazon é um outro modelo que não envolve revenda e sim você utilizando a força da plataforma para criar ou expandir a sua marca própria. Significa você utilizar a Amazon como um canal importante para que mais clientes tenham acesso ao seu produto

Gazeta Labs: Como eu posso ter uma marca na Amazon?

Patricia: Primeiro é preciso analisar o mercado que quer atingir na Amazon para que possa ter uma estratégia de como e onde pode se diferenciar.

A Amazon é uma plataforma cheia de oportunidades, mas competitiva. Apesar de existir um catálogo infinito, os espaços que vendem são limitados e estão sendo disputados por diversas marcas. Você precisa entender a plataforma e suas ferramentas, para que tenha uma estratégia que funcione bem para a Amazon.

Precisa saber coletar os dados que existem na Amazon e ir transformando isso em inteligência para entender o quanto poderá vender, custos, restrições, com quem irá competir e como eles estão na Amazon. Além disso, é muito importante analisar bem quem será seu cliente e o que ele quer comprar na Amazon, para que entregue algo que seja desejado por ele.

E tudo isso sempre alinhado com o seu objetivo para sua marca. A Amazon pode ter um papel diferente dependendo da estratégia da marca.

Gazeta Labs: Vi uma live sua em que falava de marcas sendo compradas, isso é real?

Patricia: Sim! Muitos investidores estão de olho, existem empresas que se especializaram em comprar marcas na Amazon, são chamadas de agregadores. Elas têm toda uma estrutura para avaliar marcas que estão indo bem na Amazon para que comprem e depois acelerem seu crescimento com um time preparado para isso.

Esse movimento mostra o quanto a Amazon nos Estados Unidos não é somente um canal de vendas e sim uma vitrine pra sua marca no mercado americano e a forma de aprender mais rápido com o mercado para expandir.

Portanto, hoje em dia você pode criar uma marca para que ela vire seu negócio principal ou para vender para um desses agregadores.

Gazeta Labs: Você trabalha com marcas do Brasil. Como isso funciona?

Patricia: Correto. A maioria dos meus clientes são do Brasil. Marcas que já vendem no Brasil e querem internacionalizar para o mercado americano utilizando a Amazon como porta de entrada.

Começamos com um estudo de viabilidade e projeção para estruturar melhor a entrada. A vantagem é que pode ser feito tudo de forma 100% online o que acelera e torna o processo mais barato e rápido para quem quer internacionalizar uma marca.

Gazeta Labs: Se eu quiser ter a minha marca, por onde tenho que começar?

Patricia: A parte mais importante é uma boa validação do mercado. Uma pessoa que já tem o produto e quer saber como posicioná-lo, deve fazer uma análise de dados para entender qual é mercado e consumidor para saber posicionar o produto.

Se não tem o produto ainda mas quer começar um na Amazon, deve-se pesquisar qual produto seria viável. Não se pode fazer uma pesquisa superficial somente usando algum software. Precisa ser uma análise detalhada com conhecimento do que e como pode ser coletado na Amazon.

Esta etapa geralmente é negligenciada. Tem muita gente que acha que é só cadastrar o produto na Amazon e sair vendendo. Está bem longe de ser essa a realidade. Recebo muito isso "Patrícia, meu produto é incrível. Vamos entrar mais barato e ele vai vender muito.” Quem tem esse pensamento esquece de uma lógica muito importante na Amazon: A Amazon é um buscador de produtos. É um google para produtos. As pessoas digitam o que querem, e o algoritmo da Amazon vai entregar os resultados. Então entender como esse algoritmo funciona e como poderá expor melhor seu produto é a chave para vender mais. Do que adianta ele ser incrível se o consumidor da Amazon não vai conseguir nem achar ele.

Gazeta Labs: Fale sobre a mentoria que acabou de lançar

Patricia: A mentoria surgiu de uma dor frequente de clientes e pessoas que me procuram para começar uma marca na Amazon. Nós fazemos um estudo de mercado Amazon como serviço. É a primeira etapa do nosso trabalho. Para clientes menores e pessoas que estão começando do zero uma marca, o valor do estudo acaba pesando muito no investimento inicial já que querem validar vários produtos ou ideias. Pensando nessa necessidade, resolvi abrir a metodologia que usamos para fazer nossos estudos em um formato de mentoria online.

É uma mentoria, onde mostro como tirar uma ideia do papel até o momento de conseguir validar essa ideia ou analisar de forma correta o mercado para traçar uma estratégia para um produto que já está pronto para vender ou já vende na Amazon.

Estamos no meio de uma turma agora, mas as pessoas que tiverem interesse em entrar para as próximas, podem se cadastrar na lista de espera. O Link está na minha bio do Instagram @patriciaminatti

“É preciso fazer um estudo de mercado focado na Amazon. Quando esta etapa é ignorada, o custo do erro pode ser muito alto. “diz Patrícia

Gazeta Labs: O que você daria de dicas para quem quer começar a vender na Amazon?

Patricia: A primeira dica é adquirir conhecimento, mesmo que seja um conhecimento básico sobre as possibilidades que existem na Amazon. Dessa forma poderá escolher o modelo de vendas que se identifica mais ou que é o melhor para seu negócio.

Tem gente que se identifica mais com os modelos de revenda e outros com o modelo de private label. Eu sou suspeita porque sempre segui o modelo de private label. Algo que gosto desse modelo, é que ele está construindo um ativo seu. Nos modelos de revenda, você poderá ganhar dinheiro enquanto estiver movimentando os produtos que revende, mas estará sempre refém das marcas que está revendendo e não terá nada de valor no momento que não quiser mais aplicar esse modelo.