Agência de viagens brasileira em Orlando é acusada de golpes de passagens aéreas

Por Arlaine Castro

A Na Mala Tur teria vendido pacotes de passagens aéreas, recebeu o dinheiro, mas não cumpriu com o acordo.

Uma agência de viagens brasileira, com sede no Brasil e filial em Orlando, está sendo acusada de aplicar golpe em centenas de clientes brasileiros nos EUA, no Brasil e até na Europa.

De acordo com as denúncias recebidas pelo Gazeta News, brasileiros de diversas partes do mundo alegam terem sido lesados pela agência Na Mala Tur, que vendeu passagens aéreas, recebeu o dinheiro, mas não cumpriu com o acordo.

Conforme apurado pelo GN, a maior parte envolve viagens de turismo, mas há casos também de compra de passagens para intercâmbio e até de viagem para mudança do Brasil para o exterior.

O montante chega a milhões de reais e mais de 300 pessoas, segundo os denunciantes, que criaram grupos nas redes sociais para juntar todos que foram vítimas.

A agência vende pacotes para diversos destinos diferentes e não só nos EUA. Segundo os brasileiros lesados, blogueiros e pessoas famosas que viajaram com a agência chegaram a fazer recomendações em suas redes sociais.

“Eles agora estão bloqueando as pessoas que estão indo nas redes sociais deles cobrar uma posição, já que fizeram muita publicidade da empresa”, cita uma das denunciantes.

De acordo com o grupo, na sexta-feira, 20, a agência informou pelo Instagram que iria interromper temporariamente a emissão de bilhetes e que um advogado falaria em nome da empresa e que todos seriam ressarcidos.

Em um outro post, a agência informa que suspendeu as atividades a partir de 19 de maio “em razão de reestruturação interna no seu quadro societário.”

“Reforçamos nossos princípios e valores comerciais no mercado que atuamos, informando ainda que todos os nossos clientes serão comunicados via departamento jurídico para reembolso financeiro a partir do primeiro dia útil desse comunicado. Retornaremos às nossas atividades normais tão breve for possível”, diz o comunicado oficial postado no sábado, 21 de maio.

Mas, ainda sem informação e garantia da viagem ou reembolso, os denunciantes estão preocupados e se mobilizam para formalizarem as denúncias via advogados.

Contratos foram fechados até na semana passada, dias antes do anúncio da suspensão das vendas, segundo o grupo.

Sonhos interrompidos

Ana Julia conta que comprou quatro passagens com Moana Sampaio, responsável pelas vendas e contrato, no valor de R$7.500, que seriam passagens por milhas aéreas. Fez o pagamento no início de março, segundo ela, para uma conta via pix em nome da NaMalatur. “Ela me enviou o contrato e assinei. Ficou combinado de eu entrar em contato uma semana antes da data que eu pretendia viajar para enviar os dados e ela fazer a compra das passagens”, relata.

No entanto, para surpresa de Ana Julia e dos centenas de outros clientes, a mensagem no Instagram da agência de que estariam temporariamente sem emissão de bilhetes e que um advogado que fala em nome da empresa e que todos serão ressarcidos, terão o reembolso, foi algo que não esperavam.

“Não fui contatada por eles, são mais de 200 pessoas em grupos de WhatsApp e Telegram que foram lesadas e que estão à espera de alguma posição da empresa, do advogado, dos influencers que fizeram publicidade para eles”, afirma.

Em caso de viagem para mudança do Brasil para o exterior, Amanda Maidana mora em Porto Alegre e estava com tudo pronto para se mudar para Lisboa. “Eu viajaria de mudança na primeira semana de agosto, então vendemos móveis e tudo o que podíamos e saímos do trabalho porque iríamos ficar um tempo com a família em Porto Alegre antes da viagem. Pagamos em março dois pacotes com um total de R$4.400,00 que perdemos. Não temos mais trabalho e nem passagens e corremos o risco de perder o prazo do visto em Portugal”, conta.

Em outro caso, Mariana Correia conta que negociou pacote de viagem direto com a Moana Sampaio, em Orlando, mas que o pagamento foi feito por transferência e direto no Brasil.

“Eu a conheci em 2019. Tudo era direto com ela. Ela não tinha empresa nem nada, era como pessoa física mesmo, inclusive o recibo era em nome do meu cunhado, porque compramos juntos a cota e ficava mais fácil ela receber no Brasil. Ela nos atendeu muito bem e sempre foi solícita. Em 2020, o negócio começou a expandir e muitos influenciadores começaram a divulgá-la. Depois disso, percebemos que o atendimento mudou. A gente percebeu uma grande diferença no atendimento com artistas e com quem é consumidor normal, como eu que fui uma das primeiras a negociar com ela. Mas isso é normal em alguns casos e até aí tudo bem. Divulguei para amigos, inclusive, porque era bem bacana. Mas começou a ter mudanças também nos pacotes e valores divulgados por ela. Era $5 mil o pacote com 5 passagens. Depois, passou para R$6 mil o mesmo pacote. Nos últimos meses, chegou ao valor de $12 mil para 5 ou 6 passagens. E percebemos que para alguns, o pacote era $12 mil e de repente, uma promoção de $6 mil. Na semana passada, uma amiga que comprou cota de viagem com ela perguntou se poderia usar para uma viagem ao Brasil. Ela deu o preço de $6 mil”, detalha.

O Gazeta News tentou contato com a agência NaMala Tur e também com Moana Sampaio, mas não houve retorno até o momento desta publicação.

A Na Mala Tur viagens LTDA está registrada como empresa de agência de viagens de natureza Sociedade Empresaria Limitada no Brasil com data de abertura em 18/05/2021 e sede matriz em Salvador (BA).