"O foco é a proteção de nossos alunos", diz Daniel Foganholi, primeiro brasileiro no Conselho Escolar

Em entrevista exclusiva ao Gazeta News, Foganholi fala sobre as metas, a segurança dos alunos e a comunidade.

Por Arlaine Castro

Nomeado pelo governador Ron DeSantis, Daniel P. Foganholi, 36, é atualmente membro do Conselho Escolar do Condado de Broward.

Nascido em Boston, Massachusetts, Daniel P. Foganholi, 36 anos, é filho de brasileiros. Atualmente é membro do Conselho Escolar do Condado de Broward, o sexto maior distrito escolar do país e o segundo maior do estado da Flórida, nomeado pelo governador Ron DeSantis em maio de 2022.

Em dezembro, o governador renomeou Daniel para o Conselho Escolar, representando o Distrito 1. Casado, Daniel e sua esposa, Alyssa, moram em Coral Springs com seus dois filhos.

Empossado no dia 18 de janeiro, Foganholi concedeu entrevista exclusiva ao Gazeta News, onde falou sobre as metas do Conselho Escolar, a segurança dos alunos e a diversidade que compõe a educação no distrito escolar de Broward, além da importância de fortalecer a comunidade brasileira na Flórida.

GN- Como é fazer parte do Conselho Escolar do segundo maior distrito escolar da Flórida?

DF- É uma honra e uma oportunidade única servir no conselho do condado de Broward. Além de sermos um dos maiores do estado, somos o sexto maior de todo o país. Há tantas coisas que nos tornam especiais, mas acredito que a maior delas é a nossa diversidade. Somos feitos de tantas culturas e origens diferentes. Temos alguns dos melhores funcionários e alunos que você pode encontrar. Uma coisa que devo mencionar é a responsabilidade que vem com o assento. A quantidade de pressão que experimentamos como membros do conselho é diferente de qualquer outra posição política e entendo porquê: lidamos com nossos filhos, nosso futuro.

GN - Quais as demandas mais urgentes que estão sendo tratadas pelo atual Conselho Escolar?

DF - Nas reuniões mais recentes, o conselho votou unanimemente para concordar mutuamente em se separar da superintendente. Encontrar um superintendente interino é uma prioridade agora, assim como encontrar um novo superintendente permanente. Nosso objetivo é encontrar um novo líder transformacional que levará o Condado de Broward de volta ao distrito A. Mencionamos várias vezes em nossas reuniões que parecemos estar em uma crise de aprendizado e que o desempenho e o sucesso do aluno são nosso foco. Isso não significa que tiramos nosso foco principal, que é a segurança e a proteção de nossos alunos.

GN - Como filho de imigrantes brasileiros, como você enxerga os direitos dos alunos cujas famílias vêm de outros países para buscar uma vida/educação melhor na Flórida?

DF - Assim como muitos brasileiros de primeira geração aqui na América, minha primeira língua foi o português. Minha família dependia de nós (minha irmã e eu) para aprender inglês na escola. Por meio do ESOL e de outros programas, podemos ajudar os alunos a aprender inglês e obter uma educação de qualidade no condado de Broward. Somos um distrito extremamente diversificado, por isso acredito que é importante para mim, como representante e membro do conselho escolar, defender minha comunidade e os imigrantes em todos os lugares. Acredito que precisamos lutar por mais recursos, para garantir o sucesso em nossas comunidades minoritárias e preparar nossos filhos para o mundo de amanhã. Queremos construir a próxima geração de líderes e transformadores do mundo e isso nos leva a defender cada chance que temos.

GN - A comunidade brasileira é expressiva no sul da Flórida e tem ficado cada vez maior. O que você aponta que possa ser melhorado entre a comunidade e as instituições, como as escolas, por exemplo?

DF - Um dos meus objetivos e missões é unir a comunidade brasileira aqui no sul da Flórida. Nossa comunidade é grande e contribuímos com negócios, nossos filhos vão para escolas públicas, nossas igrejas também fazem um bom trabalho em nossa comunidade, mas ainda acredito que temos um longo caminho a percorrer. Sou o primeiro brasileiro a ser nomeado no estado da Flórida e o primeiro para o Conselho Escolar do Condado de Broward. Fiquei surpreso por não haver ninguém antes de mim. Acredito que precisamos de uma nova geração de líderes em nossa comunidade para intensificar e começar a falar e defender nosso povo. Uma coisa é reclamar dos problemas de imigração em nosso país, outra coisa é unir nosso povo, empoderar nosso povo e exigir mudanças. Somos uma parte importante desta comunidade e é hora de pararmos de ficar calados. Atualmente sou diretor de parcerias estratégicas da BRAUSA que foi iniciada há um ano. O objetivo é fornecer recursos para a comunidade brasileira em diferentes setores. Recursos para assistência à imigração, nossa comunidade empresarial, relações governamentais, fé e família, saúde e, claro, educação. Amo meu povo e acredito que agora é a hora de começarmos a lutar para sermos vistos e representados.

GN- O distrito escolar de Broward passou e ainda passa pelas lembranças do ataque da Marjory Stoneman Douglas High School. Quais melhorias ainda serão implantadas nessa parte?

DF - À medida que nos aproximamos do aniversário do tiroteio na MSD, somos lembrados de que nunca devemos ser complacentes com a segurança. Estamos constantemente encontrando novas maneiras de nos tornarmos mais seguros e proteger nossas crianças e funcionários. Implementamos novos sistemas de câmeras, novos protocolos de resposta, parcerias com policiais, ponto único de entrada em nossas escolas, além de fornecer mais recursos de saúde mental para nossa comunidade. O ditado que me pego repetindo é que o inimigo da segurança é a complacência. O conselho se comprometeu a trabalhar em conjunto para encontrar maneiras novas e inovadoras de proteger nossas escolas e garantir a segurança de nossos filhos. Pessoalmente, estou ansioso para trazer novas ideias e itens ao conselho para introduzir novas medidas de segurança. Isso deixará nossos filhos mais seguros.